Amizades antigas são uma coisa estranha...
Principalmente se eram grandes amigos.
Aqui está uma pessoa de quem sabias tudo, ao pormenor, desde comida preferida até banda, cor e outras coisas do género, passando por opiniões políticas e religiosas, enfim, alguém que era realmente importante para ti a uma determinada altura, há dez, quinze ou vinte anos atrás e de repente... nada.
Perdes o contacto, se calhar um de vocês muda de ilha, ou arranjam trabalho com horários incompatíveis, ou ele tem uma daquelas namoradas que não gosta dos amigos, ou seja qual for a razão, deixam de se falar durante uns tempos.
Depois por este motivo ou por outro recuperam o contacto e já não é a mesma coisa.
Cruzam-se na rua ao fim de uns anos, encontram-se no facebook, dão por vós a trabalhar no mesmo sítio, seja o que for.
As pessoas tornam-se outras, vocês cresceram, tomaram rumos diferentes, mudaram de gostos ou simplesmente amadureceram de modo diferente, casaram-se, divorciaram-se, tiveram filhos, morreu-lhes o cão, um sem fim de experiências marcantes que o outro não partilhou e não tem como se relacionar.
É estranho e quanto mais falam mais parece que se está a celebrar a morte de um amigo, que a pessoa que conhecíamos já não existe e que esta que o substitui não encaixa tão bem connosco como o antigo encaixava.
É pena, mas não há nada que possamos fazer, é o curso que a vida tem.
No entanto, o reverso também é verdade.
Muitas vezes também se reavivam amizades que não eram fortes nem minimamente importantes e que, passados dez ou quinze anos, são muito mais significativas, muito mais consistentes.
É curioso...