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Divagações, Diatribes e outros Semelhantes

domingo, 20 de março de 2011

Bêbeda

Alguém que me explique porque é que as pessoas bebem até ao ponto de ter que entrar de gatas para o hotel.

Eu já apanhei os meus carretes valentes, mas tanto quanto sei nunca fiquei bêbado ao ponto de black out. Fora uma ou duas que foi mais acidente que outra coisa, mas pronto. Esta gente que bebe como se fosse água, e se fosse não bebiam tanta, que no dia a seguir não se lembram de absolutamente nada não deve mesmo ter mais que fazer se não torrar dinheiro em álcool.

Se calhar já passei essa idade, mas não acho piada a estas figuras tristes, acho pena isso sim.

Acho pena estas pequenas e pequenos com tanto pra dar que esborracham completamente e acabam a passar do "tanto pra dar" para o "dar tudo e mais alguma coisa".

Enfim, são coisas da vida...

Quanto muito servem para que todos nós nos sintamos mais descretos!

sábado, 19 de março de 2011

Cais da Silveira

Não sei se é impressão minha, se é embelezamento das minhas memórias de juventude, se é esta onda de depressão constante dos dias de hoje ou se é mesmo verdade, mas o cais da silveira parece-me velho.

Quando eu era puto ia muita vez a pé de casa à Silveira com a minha mãe e a minha irmã tomar banho durante a tarde.
Íamos depois do almoço e ficavamos por lá até o meu pai sair do trabalho por volta das 6 para virmos à boleia com ele pra casa.

Ao fim de semana íamos em família e ficávamos no cais de toalha estendida, sempre entre a casa de banho e a prancha. Lembro-me perfeitamente daquela poeirazinha que se levantava, das beatas de cigarro pelo chão, da sensação claustrofóbica de estar rodeado de desconhecidos, de querer falar e não conseguir, de buscar sempre em vão uma cara conhecida por entre as massas. Sim, eu já de puto era bastante depressivo.

Mas durante a semana, nos dias a pé, ficávamos sempre na zona baixa, ou como lhe chamávamos na altura, nos ferrinhos. Normalmente perto da casa dos barcos, se não fosse mesmo à frente, estendíamos as toalhas e era um tal recozer ao sol.
Na onda da claustrofobia e do desconforto geral, acabava a passar a tarde toda dentro de água.
A meio caminho da travessia andava por lá aos círculos a ensopar em vez de recozer.

Mas na altura, embora eu fosse meio cinzento, o mundo parecia bonito.

Hoje o cais parece-me estragado, velho.
Faltam pedras, a descida ao longo dos ferros já não é direita, está toda escavacada, o piso já não inspira confiança. As barreiras, que antes eram vermelhas e brancas ao estilo dos nadadores-salvadores, agora são em inox, um cinzento baço que entristece.
Para além do mais, estão sempre partidas, com falta de algumas barras e com pontas aguçadas no seu lugar.

Não sei se sou só eu, mas os locais que marcaram a minha infância parecem ter envelhecido muito mais do que eu, em muito menos tempo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mas a sério!

Isto do marketing tem que se lhe diga.

Ponha-se à prova o exemplo à esquerda.

Dizendo que esta é que é a verdadeira maionese, o que é que isso significa para as outras?

Será que quer dizer que cada vez que eu como Calvé, Heinz ou daquelas marcas ranhosas dos pacotinhos do Bowling não estou de facto a comer maionese?

Então estou a comer o quê? Nada?

Será que cada vez que eu abro um daqueles pacotinhos nojentos e espalho nas batatas, não estou nada mais do que a dar largas à minha imaginação?

Será que eu imagino aquela pasta branca?

Mas se não passa de um produto fictício, porque é que eu engordo?

Porque é que a salada de atum se estraga se ficar fora do frigorífico?

Será que estamos todos malucos? E se a maionese não é verdade, o que será mais que não o é?

Será que estamos todos a viver em paranóia, a ver coisas onde elas não estão, a pagar com dinheiro que não existe por compras que também elas não existem, em mercearias que igualmente não são verdade?

É que só a aquela marca específica de maionese é que é verdadeira!

Tudo o resto é somente ilusão!

domingo, 13 de março de 2011

Carnaval

Na tradição religiosa a época de Carnaval que acaba com a Terça-feira Gorda, antes da Quarta-feira de Cinzas, representa uma época de festa e celebração, um último adeus aos bens armazenados antes da época da quaresma.

A quaresma, que começa na dita quarta-feira e acaba na Páscoa, é uma época de jejum, o que explica o gastar o stock, pra não se estragar nos (aproximadamente) quarenta dias seguintes.

Como facto curioso da outrora grande influência portuguesa, a Terça-feira Gorda no Hawaii é conhecida como Malasada Day, o dia das malasadas, prato comido em terras portuguesas por esta altura.

Tal como todos os feriados e épocas católicas, este foi roubado a tradições Pagãs. Um último festim dos produtos invernais, antes das novas colheitas primaveris, já de um teor muito menos gorduroso e farinhento, para afugentar os espíritos do frio e da escuridão e abrir as portas à época do renascimento, do desabrochar, e dos coelhinhos a fazer o que os coelhinhos fazem.

Sim, que para estes pagãos tudo tinha a ver com sexo.

Mas passando ao assunto principal.

Alguém que me explique como é que passamos de comida, de pratos variados feitos com os restos da dispensa, para meia dúzia de totós vestidos como drag queens de Las Vegas a pinchar em cima de um palco.

Não consigo perceber de onde vêm estas tradições.

Esta coisa de danças e bailhinhos, de pandeiros e espadas, de enredos que já não têm piada nenhuma, é só palavrões... isto mais valia acabar. Apanhei um bocadinho na rádio, muito por acidente. Em 4 minutos o "actor" disse a palavra merda 36 vezes. Isso é mais do que uma vez de dez em dez segundos.

Ah e tal, porque a tradição e os costumes e o caraças... Perguntem a qualquer velhote daqueles que se vê sentado numa sociedade o que é que acha dos bailinhos de hoje em dia em relação aos de antigamente e a resposta vai ser sempre a mesma.

Uma merda!

Eu até acredito no valor cultural das tradições. Até consigo perceber a história dos folclores, vestir como antigamente e andar com uns cestos à cabeça...

Mas isto do Carnaval, já está tão diferente, tão deslavado, tão sem graça que já não é nem nunca volta a ser o que já foi. Tanto que já não pode ser considerado tradição, já não pode ser considerado um costume, feito da maneira que sempre se fez.

Não, bailinhos não é tradição.
É parvoíce.

sábado, 12 de março de 2011

Tábuas

Eu devo ser o rei dos projectos inacabados.

Desde pequeno que adoro modelismo. Ferraris, camiões, caças, submarinos, bombardeiros, já quase montei de tudo.

Perceba-se, já quase montei um ferrari, já quase montei um camião, já quase montei um caça, já quase montei um submarino e já quase montei um bombardeiro.

Sim, que eu começo começo, mas nunca acabo.

O meu projecto mais ambicioso é sem sombra de dúvida este.

O Halifax foi um schooner britânico que navegou na sua configuração actual (a do modelo) a partir do ano de 1768 ao serviço da marinha britânica principalmente no transporte de mercadorias para o novo mundo.

Comprei este modelo em segunda mão, se não estou em erro por 19 euros. Novo de fábrica o filho da mãe custa 180 euros, fora portes.
Tive uma sorte mesmo sem dar por isso.

Aparentemente a Mamoli, a marca do modelo, é o maior e melhor fabricante de modelos náuticos europeu. Já está no mercado há mais de 20 anos, as peças são madeira verdadeira, os canhões, âncoras, argolas e etceteras são latão forjado verdadeiro e as amarras são puro cânhamo, portanto se a construção der pro torto sempre dá para fumar a corda.

O estupor do barco é lindo... e complicado comó raio.

E quanto deste barco é que eu já fiz perguntam vocês?

O esqueleto.

Estou entalado na parte de revestir o casco. Aparentemente é preciso ensopar as tábuas para elas ganharem a forma correcta.

E agora pergunto eu... mas afinal como é que eu sei que aquilo está correcto?

Tal como arranjar fogões, este barquito está-me a tirar anos de vida.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Pluma

No meu ser racional eu sei que certas coisas devem ser deixadas aos profissionais. Mas eu, como todos os homens, tenho a mania que sou o rei da bricolage, que não há nada que seja demasiado complicado para mim, já do tempo que me punha a desmontar brinquedos com 5 ou 6 anos de idade.

Oras, munido desta enorme sabedoria fiz o que poderá ser considerada uma das minhas maiores burrices dos últimos tempos.

Aqui há uns tempos derramou-se-me uma fritadeira em cima do fogão. Óleo por todos os lados, tudo engordurado, uma porcaria. Lá se limpou da melhor maneira possível e à primeira vista tudo ficou bem.

Considerando o princípio deste post, está-se mesmo a ver que isto não acaba aqui.

Com o passar do tempo as bocas do fogão foram ficando cada vez mais fracas, principalmente a boca maior, que é a que vê mais uso.

A certa altura arranjou-se alguém que tinha um compressor de ar e lá se "assoprou" aquela tubagem toda para ver se desentupia e ficava a funcionar qualquer coisa melhor.

Aparentemente funcionou.

A grande, principalmente, tinha esterco que mais parecia vir de outra dimensão, que aquilo de certeza que não cabia tudo naquele tubo.

Mas nojeiras àparte, a coisa durante uns meses trabalhou como novo.

A semana passada, mais coisa menos coisa, o botão da dita boca maior deu de si. Já não vira. Nem de alicate. Fizemos tanta força que até se partiu o botão, ficou só o perno.

E o que é que aqui a alimária se lembrou?

Vamos desmontar esta merda toda!

O problema há-de se encontrar, que se eu fiz a primeira vez também chego lá desta!

É claro que da primeira vez eu tinha ajuda de um profissional, com ferramenta própria e materiais próprios, mas homem que é momem não precisa de ajuda!

Depois de muito desenroscar, torcer, bater, desaparafusar e raspar lá se conseguiu estripar o fogão e trocar um dos ignitores secundários de uma boca que se usava menos para a boca principal, a dita maior.

Aperta-se aquilo tudo, algumas zonas mais do que estava antes (não se esqueçam deste pormenor, que é importante), enrosca-se, torce-se, bate-se, aparafusa-se e... raspa-se outra vez, e está pronto a testar.

Moral da história?

Peguei fogo ao fogão.

Por pouco que não peguei fogo à cozinha toda.

Antes? Uma boca a menos, verdade que era a mais importante, mas ainda tinha as outras.

Agora? Sem fogão e um cagaço de tal maneira grande que ainda se me levantam os pelos do pescoço só de pensar nisso.

Vende-se: fogão torrado. Placa de encastrar, marca Bosch, não funciona. As partes que não arderam se calhar servem para peças de substituição.
Se calhar...