DDoS

Divagações, Diatribes e outros Semelhantes

sábado, 28 de agosto de 2010

Ophion

Neptuno nos AçoresEm dias assim percebe-se.

No escuro da noite debaixo da fluorescência laranja dos candeeiros o mar não é azul.

Não lembra dias de verão, não lembra castelos de areia, não lembra riso e alegria.

Percebe-se porquê.

O mar não é azul, é negro. Nem a espuma que o cobre traz boas memórias.
Não é espuma de banho, com as suas brincadeiras de chapinhar na água, nem é espuma de maré, que convida ao mergulho.

Não, é uma espuma amarelada, encrespada, que lembra doença, lembra as bocas de cães raivosos, a promessa de um fim abrupto e doloroso.

Em dias assim o mar lembra morte.
Lembra destruição, lembra desastre... faz pensar que o fim chegou.

Não se sente chuva, não se sente frio, mal se sente o vento.

Mas o mar não para.

Está revolto, enraivecido. Galga a terra. Cobre o cais como se fosse só mais uma pedra, só mais um grão de areia.

Do muro que olha sobre a Silveira, quase parece que o mar está aqui, que não é preciso descer a escadaria, ou a rampa para o cais... Não parece estar dez metros abaixo, como tinha a certeza que fosse, parece que está mesmo à minha frente, basta um passo para o alcançar.

Do inconsciente primordial vem a vontade avassaladora de saltar, de me juntar a uma força maior. Felizmente a consciência ganha a batalha, as promessas sirénicas vencidas... pelo menos desta vez.

Em dias assim percebe-se... não sou ninguém e os deuses existem.
Não passo de uma insignificância, de uma formiga perante a força imparável do mar.

No cair da noite, trazido pelo vento, vem o medo.

A certeza indiscutível de que não sou poderoso, não tenho o controle.

Basta o mar querer e entregarme-ei a ele sem sequer ter tempo para pensar.

Em dias assim, percebe-se...
Em dias assim, tenho medo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Tabacagem

Hoje na União falou-se de tabaco, de como os plantadores na Terceira estão a desaparecer.

Faz-se uma entrevista com um dos poucos que resta, um tio josé qualquer com a sua fotografia na página da frente.
Cita-se um livro lá do século 30 antes de cristo, que diz haver plantações em tudo o que é quintal, nem que seja para consumo próprio.

Mas não é isso que me mais me chamou à atenção.

O que me chama a atenção neste... atraso de vida... é que, de acordo com o redigido, as declarações do tal tio josé foram feitas à Lusa.

Sou só eu que acho isto mal?

É preciso vir uma agência noticiária com sede em Lisboa vir-nos dizer o que é que se passa no nosso próprio quintal?

O que é que aconteceu ao jornalismo? À pesquisa?

É assim tão complicado, tão difícil, tão hercúleo, ir à rua falar com as pessoas para saber o que é que se está a passar?

Porra, basta sentar na Praça Velha durante meia-hora a ouvir conversas daqui e dali para perceber logo quais são as preocupações das pessoas, para se perceber sobre o que é que elas querem ler...

As pessoas queixam-se do buraco no passeio na rua da Sé? Faz-se uma reportagem sobre isso!
Diz-se o que é que está feito, quem é que tem a obrigação de arranjar, a quem é que nos devemos queixar e o que se pode fazer para evitar...

Não é escrever como o Diário Insular, que "isto está mal e aquilo está mal e o outro está mal" e está tudo mal e é só queixumes.

Que se motivem as pessoas!

Se eu ler no jornal que tenho que me queixar ao Sr. Manuel das Couves para arranjar o dito buraco e por acaso vir o homem sentado a tomar café, vou lá e digo-lhe!

Instrução para o povo!

O pessoal fala da barriga de aluguer do Cristiano Ronaldo? Faça-se uma reportagem sobre inseminações artificiais, métodos de reprodução alternativos, fertilização in vitro... entrevistas com psicólogos, com professores primários, com pessoas que já tenham passado por isso...
Fale-se de quais são os pros, quais são os contras, fale-se de que estas crianças vão passar no futuro, quais os riscos médicos...

A semente já está plantada, está tudo a falar do Cristiano Ronaldo, aproveitem a oportunidade! Tirem daí o futebolista e instruam o povo!

Houve um acidente em cadeia na recta? Ora lá vai mais um!

Faça-se um apanhado dos maiores acidentes da terceira... Eles não tem arquivo de jornais com cem anos? Vão lá desencantar uma notícia qualquer para comparação!

Faça-se uma comparação da recta, como é que era antes, como é agora, quais são as vantagens, as desvantagens, como devemos conduzir para evitar estas situações!


O que nós temos agora não é jornalismo, é repetição...
Outro jornal ou outro órgão social fala disso e os nossos dois pasquins toca de repetir.

Tem que mudar!

Se não inovarem esta porcaria depressa os jornais vão acabar e depois onde é que eu vou buscar números de telefone de brasileiras?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Qualidade vs Quantidade

E salvai-nos do mal, wei menQuem lê os meus escritos dos últimos tempos pode pensar que eu sou anti-tradição, o que não é bem verdade.
O que eu acho é que as pessoas usam as ideias de "tradição" e "festejo" como desculpa esfarrapada para se embebedarem e não terem que ir trabalhar.

Há festas a mais.

Tomemos como exemplo a freguesia São Mateus...

À pouco tempo acabou a festa do mar, depois há a festa da terra, a festa do terreiro, a festa das mulheres, a festa da canada do capitão-mor, a festa do cantinho, a festa da terra do pão, a festa do pesqueiro, a festa dos lavradores, a festa dos pescadores e pelo menos mais uma que eu agora não me lembro.

E isto só pra uma freguesia.

Percebo que as pessoas na sua visão católica religiosa queiram dar graças ao divino espírito santo pela boa fortuna do último ano, ou pedinchar para um ano próximo melhor... Essa ideia até é fácil de engolir.

Embora ache completamente estúpido, eu percebo que se façam oferendas aos santos, que se façam peditórios e bazares para organizar isto tudo, que se enfeitem as ruas e as casas e tudo mais que é habitual.

Mas o que é que isso tem a ver com os Irmãos Rosa a cantar até às 2 da manhã? Para que raio é que uma só festa tem que ter três touradas?

E porque é que eu sou obrigado a engolir isto sem refilar?


Mas será que ninguém percebe que não há população para isto tudo?

É que dado o tamanho da freguesia, se juntassem as nove ou dez festas em, por exemplo, duas (que fossem a do cantinho que apanha a zona de cima e a festa do mar que ficava encarregue da zona de baixo), faziam-se festas muito mais grandiosas com artistas que prestem (se o Quim Barreiros ou o Carlos do Carmo, que não devem ser nada baratos, vão às festas de São Carlos - que nem sequer é freguesia! - porque é que nos havemos de contentar com menos?), com touradas de qualidade, em vez daquelas porcarias de vacas que ficam paradas num canto quase que a pastar, e muito mais importante, com povo bastante, que encha as ruas de alegria e diversão!

Não há nada pior que uma tourada onde só há meia dúzia de gatos pingados porque está tudo espalhado pela ilha, uma pinguinha em cada festa, das 9 ou 10 que acontecem ao mesmo tempo por todo o lado.

É um absurdo, é um desperdício de dinheiro e acaba a ser inútil porque as pessoas estão tanto dispersadas que ninguém aproveita a festa na totalidade...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nerd Love

Roses are #FF0000
Violets are #0000FF
All my base
Are belong to you
< /poem >

Assusta-me o facto que eu achei piada a isto...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Folclores

Em relação à fotografia da página da frente de hoje, tenho opinião mista sobre folclore.

Por um lado até consigo perceber a ideia de reprodução dum período passado, de um tempo diferente na nossa história, sendo quase como uma celebração do antigo, da nossa cultura e das nossas raízes.

Mas no fundo acho que nada disso deveria interessar... Acho que sim senhor devemos aprender com o passado para não cometermos os mesmos erros e essa treta toda, mas isto de folclore pra mim exagera um bocadinho... é isso e as feiras renascentistas.

Tanta asneira que se faz só porque no passado fazia-se assim, quando estamos fartos de saber que isto ou aquilo afinal não funciona!
Antigamente atirava-se o conteúdo dos penicos para o meio da rua, lancetava-se tudo o que fosse ferida, as sanguessugas eram cura para tudo, o orgasmo feminino era uma cura médica para a loucura, comia-se sopas de cavalo cansado ao pequeno almoço, tomava-se banho uma vez por mês e mais um sem fim de idiotices...

Em vez de emularmos o comportamento da sociedade daquela época, devíamos aprender com ela como não fazer!

Se já há tecidos muito melhores, mais insuladores, mais duradouros e afins, porque é que nos havemos de vestir daquela maneira estúpida?

Se já há sapatos à prova de água, com solas ortopédicas, com apoio de arco e tudo mais, para que é que vamos usar tamancos?

E quem diz isto diz muito mais... Acho que o espectáculo folclórico é um retro exagerado, é demasiado...

Até porque aquelas roupas não são reproduções fiéis, no fundo no fundo não passam de aproximações... portanto nem se pode dizer que é igual!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Irresponsabilidade

Fotografia da página da frente da União de hoje... "Presença de limos provoca acidente".

Não, não provoca.

O que provocou o acidente do dito rapaz foi falta de atenção, falta de responsabilidade, falta de cuidado, falta de juízo e à bela moda da Terceira, falta de discrição.

E se calhar também foi falta de umas palmadas bem dadas na altura certa.

Se não se andassem a comportar como uns babuínos estas coisas não aconteciam.

Como o outro estúpido que foi arrastado pelas águas ao pé do petiska, só porque muito bêbado se lembrou de atravessar a correr de um lado ao outro da zona balnear, em dia de fortes ondas... estava-se mesmo a ver onde é que aquilo ia acabar.

Quando eu era puto, na altura em que ainda ia pra silveira, tanta vez voltei eu pra casa com joelhos esfarrapados e canelas negras... os meus pais nunca foram pro jornal chorar à frente da ilha toda!
E porquê? Porque eles sabiam perfeitamente que eu magoava-me porque andava para lá aos pinchos que nem um canguru speedado... ainda cheguei a ouvir uns quantos "é bem feito que é pra aprenderes".

Hoje? Hoje a culpa é da sociedade, é da escola, é do Bin Laden, é da polícia, é dos amigos, é da câmara, é do Cristiano Ronaldo, é da televisão e é do raio que o parta mas nunca, mesmo nunca é dos pais e dos próprios catraios.

Vivemos numa cultura infantocêntrica, estamos a pôr as crianças em pedestais e isto só vai acabar mal.

O que é que vai acontecer quando esses putos que crescem a pensar que são reis e senhores do mundo, que são génios, que são especiais, que conseguem fazer tudo o que quiserem "basta desejar com muita força e bater os calcanhares três vezes!", o que é que vai acontecer quando eles chegarem a adultos e perceberem que são só mais um idiota, só mais uma roldana na máquina, que não são mais que nenhum outro?