
É bizarro e é um daqueles comportamentos inexplicáveis.
Não consigo perceber porque é que ninguém fala nisso.
Não digo gabarem-se, que é o que os homens fazem quando aparecem a dizer que comeram esta e comeram aquela e que rematam às três de cada vez se for preciso, 25 horas por dia e 9 dias por semana.
Nem digo aquelas parvoíces que se escrevem na Maria, que é do mais inventado que há, como o tal "tive relações sexuais com o meu cão, será que isto é normal?".
Conversas abertas sobre sexo, ninguém tem.
E ao mesmo tempo toda a gente fala... toda a gente fala mas ninguém conversa.
Outro dia apanhei um pisco de uma conversa entre duas tias em que uma dizia à outra "estava-mos a fazer aquilo"... Aquilo o quê? Tricô?
O português tem uma dificuldade inerente em falar em sexo... Ninguém chama as coisas pelos nomes.
A princípio pensava que era por ser íntimo, uma coisa a ser falada só entre dois... mas o que mais se vê praí é raparigas e rapazes a rodarem o mais possível e até escrevem blogs sobre isso e metem fotografias no hi5. Portanto não, se se faz tanta publicidade não pode ser íntimo.
Depois pensei que fosse por uma questão de nojo (hey, eu era puto), mas o que não falta nas touradas é homens a mijar contra a parede e por várias vezes ouvi um "hoje não posso ir trabalhar que estou com diarreia"... portanto não, se essas duas ninguém evita, então também não pode ser por nojo.
Acabei por decidir que é por falta de vocabulário.
Ou vamos pelo científico de "quando o falo está erecto e a cavidade vaginal está lubrificada estão atingidos os pré-requisitos para a penetração" ou se vai pelo popularucho de "aquilo e aquilo e aquilo".
Mas é que isto é grave! Chega até à conhecida lei das multas de "boca naquilo", "mão naquilo" e "aquilo naquilo"...
Está por todos os lados e nem as revistas pornográficas escapam (estou até hoje para perceber o que raio é um zizi), nem há substitutos aceitáveis para o descrever.
E depois fui apresentado ao mundo dos palavrões!
Digamos que no meio de piças, pachachas e canzanas a desculpa de ser por falta de vocabulário foi-se com os porcos.
E isto levanta um grave problema locucional.
Não se pode dizer sexo, que é íntimo, não se pode dizer foda que é malcriado e até "fazer amor" já dá uns torcimentos de nariz.
E então não se diz. As pessoas inquietam-se para se perceber e é um tal rodear e rodear e rodear e nunca mais estacionam.
Motivados pela vergonha perdem-se verdadeiros poços de sabedoria simplesmente porque as pessoas tem custo em falar.
E chega aos casais, ao meio onde isto não devia acontecer! O que as mulheres mais se queixam é que os homens não sabem o que ou quando fazer durante o sexo, mas se lhes perguntam acanham-se e não dizem nada e está tudo bem!
É que a mim, quando estava na minha fase formativa, tinha-me dado jeito alguém com quem falar seriamente sobre isto!
O que é que se faz? O que é que entra onde? Com que força é que se aperta aqui ou ali? Quanto tempo é que dura? Pode-se parar pra beber água?
Aquela coisa dos tamanhos não interessarem, é verdade?
E mamas? O que é que é preciso saber sobre mamas?
Querem um povo iluminado? Querem uma sociedade civilizada? Levantem os tabus do sexo que metade das parvoíces que se fazem é por ignorância!
Deixo-vos com um recorte da Maria... Digam-me lá com toda a seriedade que isto não é inventado.

Eu Gosto de PANQUECASQUECASQUECAS!
ResponderEliminar