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Divagações, Diatribes e outros Semelhantes

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De volta à televisão

PlonkEu não sigo a política nacional. Não sigo os sensacionalismos, os tablóides, as casas dos segredos nem os big brothers, não sigo a política internacional, nem as guerras do mundo nem todas essas trapalhadas que enchem as páginas dos jornais. A maioria das vezes nem vejo telejornal.

Num dia a dia de contar cêntimos pra pagar as contas e por comida na mesa torna-se difícil sequer fingir que me preocupo com o que acontece aos outros quando os conheço, quanto mais o que acontece do outro lado do mundo a um plantador de arroz qualquer no Vietname.

Como tal, não estou nada a par do processo Casa Pia. Não sei quem são, quantos foram, o que é que se passou, o que é que se provou que não se passou e tudo mais que talvez fizesse sentido a este post. Quando penso em Casa Pia só me lembro de Bibi, Carlos Cruz, Herman José e uma entrevista a um rapazinho que dizia "se algum adulto vos puser a mão no pénis, não tenham medo de falar que não vão ser castigados."

De acordo com a Pública deste fim de semana, Carlos Cruz vai voltar à televisão.
E tenho que admitir que não me estranha nada.

O tempo apaga tudo, cura todas as feridas e limpa todas as memórias. O mesmo instinto que nos faz não falar mal dos mortos faz-nos esquecer as injustiças de ontem, as atrocidades do passado e concentrar nas parvoíces do presente.

Enquanto que há 9 anos atrás a praça pública estava certa da sua culpa e queriam esquartejá-lo e arrastá-lo pela rua, hoje se calhar já não é bem assim e talvez não tenha sido e porque há a hipótese de que afins e coisa e tal.

Demorou quase uma década, mas para Carlos Cruz a vida está a voltar à raiz, à sua televisão, à sua profissão.

É bizarro.

Não consigo perceber como é que as pessoas se esquecem daquilo que ontem tinham tanta certeza. Como é que as sentenças de morte de outrem são palmadinhas nas costas de agora. Como é que os demónios-em-pele-humana se tornam numa cara que nos invade a casa pelo ecrã.

E daqui a dez anos, talvez até menos, já ninguém se lembra do processo, já ninguém se lembra da pedofilia e Carlos Cruz passa a ser só mais um dos figurinos sentado a uma mesa em frente às câmaras.

E tudo volta a ser como era antes.

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