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Divagações, Diatribes e outros Semelhantes

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ponta do Facho

De acordo com a União de hoje, foi encontrado morto um jovem de 13 anos...
De acordo com o meu pai, o dito jovem é meu primo.
Acho que primo em 3º grau ou praí, mas mesmo assim primo.

Faz-me pensar nas unidades familiares hoje em dia.

A minha mãe tem alguns 40 primos e conhece-os a todos, pelo menos de nome. Sabe as suas genealogias, nem que seja por aproximação, que este é filho daquele e sobrinho daquela.
Não querendo chamar ninguém de velho, antigamente era assim... as pessoas viviam umas com as outras, precisavam umas das outras e contavam umas com as outras.

Este meu primo, eu não o conhecia. Mas é que nem sabia da existência dele.
Conheço a mãe dele (aliás, sei pouco mais do que quem ela é de nome) mas já não a vejo desde antes do rapaz nascer... Pouco mais sei do que "a filha do irmão do meu avô."
Do rapaz não lhe sei o nome, não faço a mínima ideia quem era como pessoa, quais os seus interesses, desejos futuros, expectativas da vida, fantasias, sonhos e tudo mais.

Por um lado entende-se, sendo já um grau afastado, mas por outro... não é só nos afastados que falho neste ponto.

Andando a "folhear" páginas do facebook percebo que praticamente não conheço a minha família!
Vejo que esta está a namorar com aquele, aquela comprou um bar, o outro arranjou uma namorada, a outra foi tirar um curso novo, aquele queria ir pra tropa mas não conseguiu e por aí em diante, gente de quem eu era muito chegado à dez ou quinze anos atrás e de quem agora não sei nada.

Chegando ao cúmulo de que a minha irmã ontem disse-me que foi aceite pra universidade, quando eu nem tinha bem a noção de que ela já tinha acabado o 12º.
O contacto íntimo entre nós, viver o dia-a-dia lado a lado como era quando vivíamos sob o mesmo tecto, já acabou à tanto tempo que na minha ideia ela só agora é que chegou ao liceu, só agora é que começa a recta final de estudo, ainda com sonhos de ser juíza.

Mas já não é assim. Já é uma mulher feita, como diz a minha avó, já tem um namorado de sete (oito?) anos, já trabalha e já organiza a sua vida como uma adulta.
Embora ainda viva com a mãe, já não é criança. Já é adulta.

É meio bizarro da minha parte... olho para trás e tento-me lembrar quando é que começou o distanciamento e não consigo perceber nem quando nem como foi.

É a única constante da vida, de que o tempo passa.
A vida segue inexoravelmente e tudo flui rio abaixo sem esperar por testemunhas.
O tempo não se preocupa com quem está a ver, nem com o que possamos estar a perder das vidas daqueles que gostamos.

Mas são situações como esta, do meu primo de 13 anos, que me fazem perceber (nalguns casos tarde de mais) que tudo está pelo fio da navalha e que temos que aproveitar o tempo que temos ao máximo, saber o máximo, partilhar o máximo e viver, em conjunto, o máximo que pudermos.

1 comentário:

  1. Ao meu priminho Jorge Arruda que fez do facho o seu lugar de libertação.


    A vida é uma dádiva
    Demasiadamente ávida
    Que deve ser vivida
    Que diabo de pensamento
    Que se entranha num momento
    Fazendo pôr fim à própria vida


    (o mundo para onde caminhamos)
    Sou o próprio ditador actual, daqui tudo mando tudo coordeno, tenho o mundo a meus pés, com um simples clik tudo altero, sinto-me quiçá o rei do Universo.
    A vida é um emaranhado de coisas perdidas, sonhos alterados, ou somente sonhados, o tempo que hora faz é tempo de egoísmos do pensarmos em nós próprios e pouco mais do que aquele que habita no nosso tecto ou mais ainda aquele que partilha o nosso leito, somos seres cada vez mais sós querendo tudo através das net's, amigos, partilhas, compra-se tudo por aí, são-nos impostos sofás cuja permanência do nosso corpo ascendes as nossas próprias necessidades, a vida é feita do sofá para o mundo e do mundo para o sofá. Já não existem relações humanas, até já se criaram os amigos virtuais para substituírem os reais, porque me hei-de preocupar em cultivar uma amizade se posso muitos bem numa fracção de segundo ter milhares de amigos, que bem posso fazê-los desaparecer quando já não me forem úteis.
    Já não sei quem mora ao meu lado, nem o nome da velhinha que teimosamente se cruza comigo todas as manhãs.
    Já não sei quem sou…já não sei qual a função de ser pai, ou de ser filho desabafo com todos não desabafando com ninguém, o amor é um sentimento cujo sentimento sinto que não tenho, não sei onde tudo começa nem onde tudo acaba, nem sei se existe um principio ou se tudo é mesmo assim, caminhamos vertiginosamente para que sejamos
    filhos de uma concepção maquiavélica.
    Estamos pertos de perto estarmos.

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