Humanidade Fictícia

Lembrei-me desta por causa do Heroes.

No dito Heroes, nos primeiros episódios, a recompensa que a Claire oferece ao rapaz que filma as proezas dela é a de falar com ele em público! Não é que seja isso que ele quer (cof cof)...

É cada vez mais comum ver-se nas séries televisivas (ao contrário do cinema) casais cada vez mais realistas, o que eu acho muito bom.

Pegue-se no exemplo do Numb3rs, para quem ainda vê, o Charlie, que embora até seja atraente não é o homem mais bonito da série, e a Amita, que não é feia mas também não é nenhuma supermodelo... Eles (primariamente) sentem-se atraídos um pelo outro por aquilo que mais prezam, no caso deles a inteligência. Ele é um verdadeiro génio e ela não fica nada atrás.

Acho que por criarem estes casalinhos reais nesta personagens sobre-humanas (veja-se o Charlie), torna-os um pouco mais fáceis de engolir. Ou seja, temos uma personagem que é um verdadeiro génio, que é rico (há um episódio em que ele compra a casa ao pai, dinheiro na mão), pode ter tudo o que quiser, mas que ao contrário do que seria de esperar não está casado com a Pamela Anderson.
Saber que ele tem alguma qualidade "humana" faz com que seja mais fácil de nos relacionarmos com ele, que por sua vez o torna memorável.

Quem é que se lembra da última gaja que o James Bond comeu? Do último sítio onde ele esteve?
Ninguém!

É uma personagem que tem tudo o quiser, faz tudo o que quiser e come quem quiser, e durante duas ou três horas diverte-nos, mas não é memorável...

E aí está a chave de uma boa série, na "realidade" das suas personagens.

Voltando ao Heroes, assim que a Claire descobre o segredo do Haitiano, e apesar de prometer não o fazer, vai logo a correr confrontar o pai.

Esta burrice, esta falha humana, mais até que o corpo dela é que nos faz lembrar da Claire, mesmo depois de alguns anos de termos visto a série...
Mas é claro que o corpinho não é nada de se deitar fora.

Não digo que o cinema tem que parar de usar gajas boas, só digo que não precisavam de ter uma personalidade com mais plástico que as mamas.