Ovelhas Instintivas

Por muito que digamos que somos evoluídos, que não somos nada como os animais, que somos de uma inteligência superior, acho que a única coisa que os humanos têm de superior é a enorme capacidade de se enganarem a si próprios.

A nível social, estamos quase ao mesmo nível que os lobos, os cães ou os macacos.

Pondo isto o mais básico possível, somos todos umas ovelhas.

Em qualquer grupo, desde unidades de trabalho até cliques escolares, há um macho Alfa, ou uma abelha-rainha, que comanda os demais.
É aquele que dita as regras, que decide o que é fixe e o que não é, o que se deve comer, o que se deve beber e quem é que pertence ao grupo. Tal como os canídeos.

Toda a gente se queixa dos políticos deste país, que são uns mamões, que não fazem nada, mas fomos nós que os pusemos lá e somos nós que não fazemos nada para os impedir. Falam todos que isto era preciso mudar, que era preciso uma revolução, que estávamos melhor com Salazar, mas ninguém toma as rédeas dessa mudança.
Nisto somos tal e qual as ovelhas, o lavrador diz "prali" e nós até podemos reclamar, mas vamos todos juntos na mesma direcção.

Em grupos pequenos isto é ainda mais visível, mas nota-se até certo ponto em todas as organizações sociais.

Daí que o combate ao terrorismo se centra sempre em cortar as cabeças, porque o corpo sem liderança não vai a lado nenhum.

Vestimos as roupas que eles querem que vistamos, comemos o que eles comem, bebemos o que eles bebem e vamos para onde nos mandam.
Usamos o mesmo perfume que aquela princesa, o mesmo corte de cabelo que aquela actriz, a mesma roupa que aquela modelo, o mesmo carro que aquele piloto e o mesmo brinco na orelha que aquele futebolista.

E é claro que nos enganamos.
Dizemos bem alto "eu não sou assim! Eu não ligo às modas!".
Mas vejamos todos os que dizem que não ligam às modas, que vemos que se vestem todos da mesma maneira e falam todos com as mesmas expressões, os mesmos clichés, os mesmos chavões e os mesmos maneirismos.
São eles também uma moda.

Não há inovadores, não há individuais.

Somos todos especiais, o que quer dizer que ninguém o é.

Até aparecer aquele Alfa. E aí durante uns tempos fazemos todos o que ele diz e comprotamo-nos como ele se comporta.

É humano idolatrar.
Antigamente eram deuses e heróis, hoje são estrelas de cinema e futebolistas.

Daí que quando aparece um Salazar, um Ghandi, um Hitler, um LaVey, um Buda, um Manson ou até um Jesus Cristo, durante algum tempo, sejam meses, anos ou séculos, fazemos o que ele diz, seguindo os seus "pralis" como pacatas ovelhas.