DDoS

Divagações, Diatribes e outros Semelhantes

sábado, 27 de junho de 2009

Saudade

Fez ontem, quinta-feira, uma semana que perdi a minha avó.
É um acontecimento doloroso, indescritível e sem comparação.

Estas situações fazem sobresair o melhor e o pior das pessoas, fazem-nos ver o que realmente somos e não o que gostaríamos de ser. Mostra-nos com quem podemos contar e quem nos vai falhar nos momentos de necessidade.

Embora me mantivesse a par do seu estado de saúde, já fazia 5 anos que não via a minha avó, era doloroso demais para mim. Vê-la era encarar a relidade, que a vida acaba, que não duramos para sempre.
Depois da morte do meu avô, ela tornou-se um fantasma, uma sombra daquilo que era antes, deixou de ser aquela micaelense forte, de garra para não ser mais que um bebé, que precisava de ajuda para as mais fáceis tarefas, comer, lavar e tudo mais.

Perante este grotesco quadro de existência fiz o que qualquer cobarde faria, abstraí-me.
Convenci-me que o que eu estava a fazer era a mante-la na minha mente como ela foi e não como ela é. Queria guardar aquela imagem forte, irreverente, constante.

Não quis encarar o sofrimento, a prova de que a solidão destrói, de que a tristeza mata.


Quando recebi a notícia fiquei de rastos, tão que a minha primeira reacção foi de exclamar "o quê?", o que levou o meu pai, o portador da notícia a repetir, mais dolorosamente, que a minha avó, a mãe dele, tinha morrido. Senti-me culpado, poderia ter-lhe poupado essa dor naquele momento.

Fiquei sem saber o que fazer. Acho que se não estivesse acompanhado (estava com um primo meu, do outro lado da família, na altura) tinha-me ido abaixo.

Avisei a Mónica e os responsáveis do trabalho dela dispensaram-na imediatamente. Parece que isto das religiosidades pregarem a compaixão não se fica só pelas rezas, é mesmo para cumprir.

Avisei o hotel... falei com a directora de recursos humanos pela primeira vez, embora ela já cá esteja há algum tempo. Assegurou-me que não havia problema e que pouco depois me ligava a informar a que horas teria que me apresentar ao serviço.

Ligou-me dez minutos depois, se calhar nem tanto. Fiquei de regressar no domingo à noite, o meu horário normal.

Fiquei contente por saber que no meio da confusão, pelo menos teria um gostinho de normalidade, que seria como regressar de folga, foram só dois dias em casa, nada de mais.


A noite foi complicada, como aliás todos os velórios o são. Muito se riu e muito se chorou. Memórias recordadas, falou-se de promessas, imagens, momentos, costumes e tudo mais que marcavam a minha avó pelo que ela era, pela pessoa que foi, aos olhos de cada um.

Houve alguns contratempos, membros ausentes, mas nada que não fosse de esperar, numa situação tão delicada. Houve também surpresa na presença constante de pessoas que nunca julguei que o fizessem, ou pela sua distância à minha avó, ou pela imagem que tinha delas.

Acabámos por concluír a realidade, que foi melhor assim, que ela já só sofria, que pelo menos assim teria descanso.

Passou tudo como que envolto em névoa, rápido como se as horas se condensassem em poucos momentos.

Por volta das 5 , sentado nos degraus da funerária, acabei por adormecer. Fui pro carro, dormi no assento e acordei nem uma hora depois. Cheio de câimbras, como que por castigo. Devia ter ficado acordado, devia ter-me mantido de pé, como os outros.

Começaram a chegar as pessoas para o funeral. Recomeçaram as lágrimas, reabriram-se as feridas com a chegada dos que, com a intenção de prestar os seus últimos sentimentos, acabavam por relembrar o que a tanto custo tentávamos esquecer.

Chocou-me a hipocrisia da missa. Achei um ritual absurdo e desnecessário que em nada tinha de honrar o morto, mas tudo de louvar cristo e o papa e o bispo e sei lá mais o quê. Achei uma enorme falta de respeito perante a minha avó que tivéssemos ficado todos quase 5 minutos a ver o padre a comer o "pão" e beber o "vinho". Apeteceu levantar e discutir. Mas o que raio é que isto tem a ver com a minha avó? O que é que um gordo vestido de roxo a comer bolachas vai servir para dar paz à sua alma?
Achei um enorme absurdo que, para uma religião que visa não idolatrar figuras, Deus tenha sido muito menos mencionado que todos os outros retratados naquela cerimónia.

Fiquei surpreendido em ver que a minha irmã sabia de cor todas as rezas, todas as intervenções do "público".

Fui um dos portadores do caixão, como faria sentido ser... Dos presentes, o neto mais velho, filho do filho mais velho, fiz o meu papel quase com orgulho, ao lado do meu pai.

No fim de tudo senti-me vazio, esgotado. Queria dar um fim aquele episódio doloroso.

Segui do cemitério para casa, não me lembro da viagem.

In-profissional

Não é comunista, é trabalhador! Sério!Tenho dificuldades em saber qual é a minha categoria, no sítio onde trabalho.

Não posso dizer que seja um funcionário, porque não desempenho só uma função.
Talvez multi-funcionário, mas nem isso, porque nada do que faço é feito por mim do início ao fim, ou seja, nunca desempenho completamente uma função.

Também não posso dizer que seja um empregado, isto não é função pública, não é um emprego no verdadeiro sentido da palavra (leia-se, tacho).

Não afirmo que sou um trabalhador, porque não sou um agricultor, ou um mineiro, nem um construtor, nem um lenhador, enfim nenhum daqueles indivíduos que realmente trabalham.

Não me posso considerar um profissional, porque não tenho estudo nem formação para esta área, sendo que nunca tenho garantia de que aquilo que fui aprendendo ao longo dos anos está realmente correcto.

Não me posso julgar um colaborador, porque sou pago para fazer o que faço e que por muito que adore ou despreze determinadas tarefas que desempenho, tenho que as fazer na mesma.

Embora muitas vezes me sinta assim, não sou um escravo. Por muitos problemas futuros que isso me possa ou não causar, sou livre de sair por aquela porta e não mais regressar.

Em suma, sou um triste... vou praqui andando, ao sabor da maré, fazendo o que devo e tentando não fazer o que não devo... Às vezes consigo, outras vezes não, e enfim, como sempre ouvi dizer, não venha a pior!

Por isso sai.... sai da minha relva!

Não, não quero aparar!Alguém que me explique a que idade é que temos automaticamente todos os direitos possíveis e imaginários.

A que idade é que passamos a ser mais importantes que os outros?
A que idade é que não temos que responder pelas nossas acções?
A que idade é que já não é preciso saber conduzir para pegar num carro?
A que idade é que a propriedade pública, sejam parques ou jardins ou o caraças, passa a ser privado?
A que idade é que ganhamos o direito de reclamar de tudo o que conseguirmos imaginar a todos os que conseguirmos agarrar?
A que idade é que passamos a gastar mais em comprimidos do que em comida?
A que idade é que podemos exigir respeito de tudo e todos só por ainda estarmos vivos?

É que pela maneira que alguns idosos deste país se comportam, até parece que isto é uma meta definida...

Ilhas estrangeiras

Uma das coisas que mais me irrita nos turistas, e infelizmente acho que sempre me vai irritar, são aqueles totós que vem para as ilhas de passaporte.

Quer dizer, apanhamos estrangeiros europeus munidos de BI, alemães, holandeses e italianos entre outros, mas os tugas não conseguem perceber que não estão a ir para o estrangeiro!

Eu na escola primária fui obrigado a aprender todos as linhas de caminho-de-ferro de portugal e nunca sequer vi um comboio, mas os cubanos nem sequer sabem que os Açores pertencem a Portugal!

Eu até percebo as pessoas que perguntam onde é que se apanha um táxi pra S Jorge, que isto de insularidade é um conceito um pouco complicado de engolir.

Faz algum tempo, talvez uns 6 anos, uma velhota por telefone perguntou-me se a maioria dos habitantes nos Açores eram brancos ou se "ainda são de pele preta". Até isto eu consigo compreender, porque para as pessoas que viveram no tempo do ultra-mar, tudo o que não era continente era preto...

Mas porra... vivemos numa época de desenvolvimento tecnológico, em qualquer biblioteca há acesso à internet!
Para além do mais, a taxa de "emigração" açoreana é grande, uma enorme percentagem dos turistas que vejo conhecem pelo menos um açoreano lá na terra deles.

É assim tão difícil de entalar no juízo que Açores também é território Português?!?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Idade de Decência

Binho Berde, binho berde...São 4 da manhã.

Um grupo de crianças, a rondar os 13 anos, vão a descer a rampa para a silveira.

Um deles está munido de uma bebedeira tal que se lembra de ir mijar contra o portão de entrada do hotel.

Espreitei por cima do burro e berrei lá pra baixo. Nem pestanejou.
Nem medo, nem respeito, nem merda nenhuma.

Foi preciso ameaçar chamar a polícia para o impedir de regar o portão.


Não percebo estas crianças.
A minha primeira bebedeira foi com 2 cervejas, tinha quase 15 anos. Já nessa altura levei um raspanete tamanho que levou mais uns anos até me voltar a desgraçar.

Não me esqueço do olhar do meu pai. O desânimo contido naquele olhar, um misto de desespero e desilusão, com um muito escondido mas presente desprezo pelo que eu me tornara naquele momento.


Onde é que andam os pais destas crianças?
Os guardiões da inocência que se perde nas ruas desta cidade em festa?
Os responsáveis por formar e educar os líderes de amanhã?
Em que é que pensam quando vão para a cama, com os filhos fora de casa?
Será que sequer se lembram que são pais, que têm responsabilidades?


A cada dia que passa a vida me dá mais razões para amar incondicionalmente os meus pais.
Com todos os seus defeitos, com todas as suas coisas menos boas, mesmo assim conseguem ser infinitamente melhores que os outros, os que foram responsáveis por educar estas crianças que me regam o portão às 4 da manhã.

Pedo-Sensacionalismo

Digam lá que não está parecido!Morreu Michael Jackson, aos 50 anos, de um aparente ataque cardíaco.

Agora que se vai começar a derreter o espólio é que vão aparecer os "violados" em comboio, mais depressa que os vermes depois do enterro.

Vai ser vê-los em todos os canais, em todos os talk shows, rapazinhos a gritar que foram violados plo cantor.

Escrevam o que vos digo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Peixeirada Russa

Trust, swing, parry, dodge. Ha-ha!Tenho uma colega de trabalho que é peixeira.

Não pesca nem vende peixe, mas gosta de armar confusão.

Felizmente nunca houve atrito entre nós, mas recentemente voaram bacalhaus em direcção a uma pessoa que considero publicamente amiga.

Recentemente cruzei-me com a peixeira no trabalho (que isto de trabalhar à noite significa que quase nunca vejo os meus colegas) e cumprimentei-a como se nada se passasse.

Isto porque, na realidade e tanto quanto me interessa, nada se passa.

Achei piada quando ela teve uma reacção de espanto, como se esperasse escárnio em vez de amabilidade.


Não percebo esta tendência absurda de escolher lados.

Já desde os meus tempos de liceu que isto acontece sempre que há discussão, portanto sei que não é caso único.

Parece que sempre que há uma briga dentro de um grupo de amigos (ou de colegas de trabalho, como é o caso) entre duas pessoas, o grupo inteiro sente-se na necessidade de estar do lado de um dos intervenientes.

Há o desejo de fazer com que aquele acontecimento também seja problema deles, também se torne tão ou mais pessoal que para os "brigados".

Porquê? Pra que é que as pessoas se metem?
Ninguém me pediu ajuda, porque raio é que eu me vou meter no meio daquela briga?

É que amanhã ou depois aqueles dois que brigaram em primeiro lugar já estão bem, mas o resto do grupo continua à porrada entre si!

E mais, porque raio é que essas altercações se resolvem tão depressa? Quer dizer, ouvindo os argumentos iniciais, parece que aqueles duas pessoas nunca mais se vão falar pro resto da vida!
Não é um bocado de falta de princípio dar o braço a torcer passado pouquíssimo tempo e sem uma resolução definitiva para o problema?
Num minuto, briga, no próximo já está tudo bem!

Não me faz sentido nenhum...

Quartos inexistentes

HH versão originalO hotel onde trabalho tem 100 quartos, distribuídos por 4 pisos.
Nenhum dos pisos tem quarto 11 nem quarto 13.

O 13 faz sentido que seja por superstição, mas o 11 até agora nunca tinha percebido. Tinha a vaga ideia que era pela morte de alguém, uma espécie de homenagem colectiva, visto que isto acontece em vários hotéis.


Disseram-me outro dia que era devido à morte de Howard Hughes, o magnata dono da TWA, dos estúdios RKO e de uma mão cheia de casinos. É também sobre ele que se fez o filme "O Aviador" com o Leonardo DeCaprio. BTW o filme recomenda-se.


Alguém, já há mais de dois meses, criou separadores no nosso sistema de correio e chaves para o quarto 11 e 13 em todos os pisos.

Isto deixa-me duas dúvidas...

Quem terá sido o estúpido, que não sabia que aqueles quartos não existem, e;

Será que ainda ninguém reparou, e é por isso que continuam lá, ou será que fizeram como eu e estão à espera de ver quanto tempo vai demorar até aquilo desaparecer dali?


Acho uma grande falha da minha equipa (perceba-se, da equipa em que também me incluo) que algum de nós não saiba que aqueles quartos não existem.

É um dos pormenores mais básicos do hotel e se a pessoa em questão não sabe isso, o que mais será que não sabe? E como é que se pode esperar que essa pessoa faça um bom trabalho?

É prudente colocar nas mãos desta pessoa a responsabilidade do fundo de maneio? De lidar directamente com os clientes? De fazer reservas e por conseguinte adjudicar preços?


E se der asneira vai cair nas costas de quem?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Diferenças curturais revistas em desenho

Estas duas andam já faz algum tempo a rolar no meu balde à espera de me lembrar de qualquer coisa muito fixe pra dizer, um estudo inteligente sobre o impacto de diferentes culturas na nossa maneira de ver o mundo, mas não me sai nada.
Como eu as acho boas demais pra ficarem encaixotadas, cá vai disto.


Moleskine

É um destes o meu saco de enjoo.

É nele que regurgito as minhas postas de pescada e as guardo com amor e carinho para depois condensar, organizar, categorizar e finalmente publicar aqui, neste espaço.

Deste chá não beberei

3 da manhã.

Recebo um telefonema de um quarto a pedir um chá.

Após calmamente explicar que embora tenha acesso ao chá não tenho acesso à água quente, dado que as máquinas de café do hotel dispõe de um temporizador que as desliga durante a noite, e de relembrar que o serviço de quartos fechou à meia-noite, mas mesmo assim oferecer um ice tea natural (que supostamente tem o mesmo efeito calmante), ouço a magnífica resposta de que "é inadmissível que um hotel de quatro estrelas não me consiga fornecer um chá durante a noite".


Não, minha senhora.

O que é inadmissível é que, apesar de estar mesmo ao lado do telefone uma ementa de Room Service que diz o horário de funcionamento em letras bem visíveis, apesar de ter na recepção a mesma nota, apesar do bar dispor da mesma informação, a senhora ache que as regras a si não se aplicam e que do nada se materialize um funcionário só para a servir.



Estes turistas querem ficar num hotel de quatro estrelas, a pagar o preço de três e dispôr do serviço de cinco.

Não, não há chá às três da manhã. Nem comida, nem piscina, nem serviço de lavandaria, nem bar, nem bagageiros, nem alguém que lhe vá até ao quarto limpar-lhe o rabinho só porque acha que o preço que está a pagar lhe dá direito a isso.

Há sim uma capinha muito gira mesmo ao lado da televisão com estas informações que acabei de mencionar, entre outras muito úteis.

Se tivesse tido o cuidado de se informar não tinha feito figura de ursa, nem tinha importunado o pobre funcionário que só está a ser pago para cumprir as suas funções.
Infelizmente para si, servir-lhe chá às três da manhã não é uma delas.

Alvorada

Twinkle twinkle little star...Eu jogo Vampire.
Eu gosto do movimento gótico, aprecio os seus ideais.

O VtM baseia-se em poucas premissas:
A vida é uma merda.
Tudo o que fazes só piora esse facto.
Nunca vais conseguir recuperar o que perdeste.
Tudo o que arranjares para substituir isso vai saber a pouco.

É isto, basicamente. Quem percebe isto percebe o que é ser vampiro, no contexto do jogo.


Ser vampiro, tal como ser o monstro de Frankenstein ou lobisomem, não é bom, não é de meter pena.
Os vampiros não são uns coitadinhos, são monstros.

Não são umas almas incompreendidas à procura de salvação mas sim aquilo de que a salvação é necessária.

Quando um vampiro bebe sangue rouba a vida à sua vítima e desde o início está condenado por isso.

Pegue-se no Drácula de Bram Stocker, ou pelo menos no filme do Coppola.

Por muito gira que a Mina seja, nunca vai ser substituto para a suicida Elisabeta.

Qualquer criatura capaz de atirar um bebé às feras é irredutivelmente mau, por mais amor e carinho que se lhe dê.

Lembrem-se que o homem prendeu o Jonathan (admita-se, numa prisão bem original) para lhe ir roubar a noiva.

Conclua-se por estes e outros exemplos que estamos a falar de uma criatura sem escrúpulos, sem limites na sua perversidade, que não para em nada para atingir o que quer.

O vampiro é a representação mais pura de "evil" dos tempos modernos.

Acho que esta excessiva romantização dos grandes horrores está a fazer com que perdamos os nossos grandes monstros, aquelas coisas que nos fazem ter medo do escuro.
É o seguimento do "coitadinho, a culpa não é dele, a sociedade é que o fez assim".

Estão a transformar montros em humanos e isso é profundamente mau.

15 minutos

Virgens, pois...Em 1968 Andy Warhol disse que no futuro todos teriam 15 minutos de fama.

Madonna, filha, os teus 15 minutos já acabaram.

Há pessoas que tem problemas em envelhecer, acho que já disse isto aqui.

Tiveste uma carreira de sucesso, cheia de controvérsia, fama, dinheiro, influência e muito mais.

Chegou à tua altura, arruma-te!

Recentemente descobriu-se que na agenda da miúda estavam marcações semanais para relações sexuais com o marido.

O mundo da brilhantina deixou-a assim tão alienada, ao ponto de tratar uma suposta actividade íntima, privada e significativa ao mesmo nível de uma ida ao cabeleireiro ou de um ensaio musical?

Quer dizer, eu li o livro dela, nem sei porque é que estou chocado...


Certo, certo, é que Madonna passou de ser um sex symbol para ser aquela velhota que não quer largar o osso. Está a conseguir destruir a carreira que levou anos a acimentar.
Dá pena.

Há bons exemplos a seguir, veja-se Bea Arthur, Julie Andrews, Brigitte Bardot e Greta Garbo, ou até Bettie Paige (à sua própria maneira), mulheres que de uma maneira ou outra alteraram ou acabaram a sua participação no mundo do espetáculo, de acordo com a sua idade e maturidade.

Acho que o que Madonna precisa é de um valente revamping, de uma reimaginação.

Hard Rock Hallelujah

'Poison' é das minhas preferidasTemos à esquerda Alice Cooper, o entitulado Rei do Terror dos anos 70.

Muita gente se espanta quando descobre duas coisas acerca do homem que nasceu Vincent Furnier em 1948.

Primeiro, que é um exímio jogador de golf, com um handicap entre 3 e 4, tendo inclusive escrito (ou participado na escrita) de 3 livros sobre o assunto.

Segundo, que é cristão.
Mas não é daqueles católicos de trazer por casa, que só vão à missa quando morre alguém, ou quando há um baptizado ou um casamento ou o caraças.

Não, ele é daqueles cristãos crentes que vão à missa todos os domingos e reza várias vezes, não só quando quer alguma coisa.

Não sei porque é que as pessoas se espantam.

Aliás, sei. Sei e percebo e acho absolutamente estúpido.

Lembro-me, há já algum tempo, talvez uns 7 anos, havia uma novela portuguesa em que um dos actores tinha problemas de droga e roubava à família e o caraças.
Vi uma entrevista com esse actor em que ele se queixava que as pessoas o abordavam na rua e o acusavam disto e daquilo.

A cegueira abunda nas artes.

O que digo daquele actor digo do "nosso" Alice, há que ver a diferença entre o papel desempenhado, o espectáculo, a imagem que a profissão exige, e o que a pessoa realmente é.

Deixo um exemplo antigo, que retracta exactamente o que estou a tentar dizer.

Um dos galãs mais famosos dos anos 10 e 20 que há memória é Ivor Novello. Pode-se dizer que era o Brad Pitt dos seus dias, mas mesmo assim é uma fraca comparação.
Dezenas de mulheres perdiam a cabeça por ele e dezenas de homens tinham inveja dele.

Acontece que este sex symbol funcionava exactamente ao contrário.
Perdia a cabeça por dezenas de homens e tinha inveja de dezenas de mulheres.

Parece que as pessoas tinham dificuldade em perceber que embora ele fosse um engatatão no grande ecrã, era introvertido, envergonhado e muito gay fora dele. Durante 35 anos foi companheiro do actor Bobbie Andrews, pelo que não estou a revelar segredo nenhum.

Os ditados tem sempre um fundo de verdade, e acho que aqui se aplica perfeitamente "O hábito não faz o monge" e "Um livro não se julga pela capa"

Batatas Humanas

Perceba-se que isto de batatas é só uma analogiaPensemos numa coisa que se faz todos os dias em todas as casas.
Planeamento de refeições.

Por exemplo, hoje apetece-me bifes com batatas fritas.
Amanhã, espero fazer carne guisada com batatas.
Tenho na minha posse uma saca de batatas, com praí uns dois quilos.
Acontece que eu hoje acabei a descascar um quilo e meio dos dois que tinha.
Fritei as batatas, comi e gostei, e restaram tantas que acabei a por batatas fritas no lixo (que isto de batatas fritas de um dia pro outro não agrada a ninguém)
Mas agora tenho um grande problema.

Não há batatas suficientes para o jantar de amanhã.

Isto é um perfeito exemplo de má gestão de recursos.

Ora, citando um colega meu, o recurso humano é, como o próprio nome indica, um recurso.

Se um patrão esgota a maioria dos trabalhadores hoje, não vai ter trabalhadores suficientes para as tarefas de amanhã.

Se eu usar as batatas boas todas hoje, amanhã só me restam batatas podres, velhas, sujas ou inúteis por outra razão qualquer.

Se calhar são batatas que não falam inglês, ou batatas que deviam estar a lavar chão em vez de gerir equipas, ou batatas que se estivessem em casa estavam melhor.
Se calhar até são batatas que começaram muito boas, lindas com a pele luzidia e com um cheiro agradável, mas que de tanto levar porrada dentro da saca já não prestam pra nada.

Em geral, acho que os empresários, patrões, chefes e afins desta terra precisam de aprender a medir melhor as suas batatas.

Falta-nos o senso

Se caisse um avião o filme era mais pequenoNa primeira coluna do DI de hoje, diz-se a alto e bom som, na linha 18, mesmo antes do primeiro parágrafo, que é importante perceber o que correu menos bem.

Não, não é.

De quem é a culpa da dança toda com os aviões não interessa pra nada.
O homenzinho está vivo e a caminho de boa saúde, o resto são cantigas.

Compreendo perfeitamente a preocupação com a homologação das ditas garrafas.
Pensemos, por exemplo, que elas não estão homologadas porque não foi testada a resistência à pressão das elevadas altitudes.
Podemos correr esse risco? Vamos arriscar a garrafa explodir em altitude, matando o avião inteiro, só para salvar um?

Compreendo também a posição do hospital.
Se eles preencheram toda a papelada atempadamente, não seria de esperar que as garrafas a bordo do avião (que obrigatoriamente já estariam homologadas) fossem em quantidade suficiente para o transporte em causa?

É esta completamente estúpida tendência de apontar o dedo, esta necessidade maior que a vida de conseguir gritar "A CULPA FOI TUA!!!!!!!!!" que gera a maioria destas confusões.

As empresas estão tão preocupadas com "o que é que vão dizer de mim" que não param para usar o bom senso.

Com tanto sacudir a água do capote, até admira que tenhamos faltas de abastecimento!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Impacto profundo

Acho que todos nós lemos Calvin & Hobbes na nossa infância.
Esta imagem tocou-me bem fundo, porque acho que é a metáfora perfeita para a perda de inocência que infelizmente nos acontece a todos.
Se fosse possível todos nós mantermos os nossos sonhos, os nossos medos, a nossa inovação, o acreditar no impossível, e tudo mais que as crianças tem de bom por mais que 10 anos, o mundo seria um lugar melhor para se viver, julgo eu.

Golias Morto

Vai falir a General Motors.
O gigante automóvel vai cair e pancada vai-se sentir longe.

O plano, pelo menos por enquanto, é a venda às postas das várias divisões da empresa.
O estado americano (60%), juntamente com o estado canadiano (12%) Os sindicatos de trabalhadores da indústria automóvel dos EUA e Canadá (17,5%) e os actuais accionistas da GM (10%) vão formar uma empresa chamada Vehicle Acquisiton Holdings LLC (LLC é semelhante ao nosso Lda).
O propósito único desta empresa é comprar e gerir a GM, guiando-a para o seu novo rumo, com o objectivo futuro de vendê-la mais tarde ao público.

Sinto-me esperançoso. Acho que esta mudança vai ser para melhor, visto que um dos pontos principais do cartaz do Obama é a independência energética.
Não nos esqueçamos que a GM é um dos grandes na luta contra o carro eléctrico.
O EV1, um dos eléctricos mais polémicos de todos os tempos, vendeu um total de 800 veículos, sendo que só 50 foram libertados ao público. A empresa sabotou o seu próprio carro.
A juntar a este, temos o escândalo do Chevrolet Corvair, o carro que mais mortes na estrada causou (a termos comparativos) de todos os tempos. O advogado que denunciou a fraude, Ralph Nader recebeu várias ameaças à sua vida, bem como da sua família.
Continuando em polémicas, em Agosto de 1938, James Mooney, um dos directores da GM na altura, recebeu a cruz da Ordem de Mérito da Águia Alemã, a distinção mais alta que o regime Nazi dava a estrangeiros.

Albert Speer, o chefe de armamento do Reich afirmou que o Blitzkrieg à Polónia teria sido impossível sem a tecnologia fornecida pela GM.

Acho que o nosso líder (sim, porque por muito que não queiramos, a América é dona do mundo) deve-se livrar deste tipo de titãs.

Num mundo de paz e prosperidade, de inovação tecnológica e científica, não há lugar para empresas que financiam guerras, fazem e desfazem da vida do povo em geral, só para obter mais e mais lucro sem olhar a consequências.

Agora era preciso fazerem o mesmo à Lockheed...

Fiabilidade

Mas obviamente a culpa deste também é minhaNão percebo certas pessoas.

Entre várias menores, umas das grandes razões que me faz não optar pela reparação e assitência informática como o meu ganha-pão é a de responsabilização indevida.

Passo a explicar.

Recentemente um passado cliente acusou-me, por meias palavras, de lhe dar cabo dos programas de gravação de cd's. É claro que a expressão usada não foi tão suave, foi mais uma de "Aquilo tá tudo avariado" com uns palavrões à mistura.

Neste serviço em particular o objectivo era aumentar a velocidade de resposta da máquina, pelo que eu fiz foi só desinstalar uma carrada de programas que estavam em conflito (tinha por exemplo instalado o Internet Explorer, o Opera e o Firefox, tudo à briga uns com os outros), mais uns defrags e umas coisas assim, tudo muito básico para um utilizador semi-experiente.

Eu nem me cheguei perto do Nero (ou Nero Essentials, neste caso).

Então porque raio é que o computador agora não grava CD's? E porque é que a culpa é minha?

Não consigo perceber determinadas reacções, a sério que não consigo.

Então compras um carro, vais com ele à revisão e o mecânico diz que tá tudo bem, no dia seguinte bates... e a pancada é culpa do mecânico? Não faz sentido nenhum...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Mitos Urbanos

Morreu hoje a última sobrevivente do Titanic. Aos 97 anos Millvina Dean morreu de pneumonia num lar em Hampshire, Inglaterra.

É conhecimento comum que a expressão SOS, vulgarmente descrita como "Save our Souls", foi usada pela primeira vez pelo Titanic como pedido de socorro.

Não.

O código · · · — — — · · · foi proposto pelos alemães em 1905 e foi oficialmente aceite pela International Radiotelegraphic Convention em 1906, entrando em efeito em 1908. Isto obviamente antes do afundamento do Titanic a 14 de Abril de 1912.
Fazia muito mais sentido transmitir · · · — — — · · · do que — · — · (pausa) — — · — (pausa) — · ·, significando CQD que era o usado até à altura. Sendo que CQ vinha do francês "sécurité", o princípio sé-cu, e o D significaria "Distress", ou complicações, perigo, socorro.

Considerando que os radiooperadores do Titanic eram funcionários da Marconi, e que foi a Marconi que propôs o anterior CQD como mensagem de emergência, fizeram como todos os outros funcionários da Marconi andavam a fazer naquela altura...

O Titanic originalmente transmitiu o antigo CQD, só a meio da mensagem alternando para o "novo" SOS.

Ah, e já agora, · · · — — — · · · não quer dizer merda nenhuma, até porque se fosse "SOS" leva pausas, ou seja · · · (pausa) — — — (pausa) · · · como todas as transmissões em morse devem levar.
A idéia que aquilo queria dizer Save Our Souls foi só uma parvoíce que alguém se lembrou de inventar.

Mas é claro que a verdade não interessa, é muito mais giro pensar que foi o Titanic que inventou a mensagem que todos nós usamos hoje, quase como uma homenagem...

Plástico

São mamas, meu senhor! São mamas!Muita coisa se faz em nome da beleza.

Muita parvoíce se faz em nome da fama.

Há situações em que eu percebo o porquê de implantes, em casos de cancro que é preciso remover um seio, há mulheres que não aguentam o dano psicológico de ficar mono-mama.
Em casos de danos musculares (coisas tipo a perna do Dr. House) a cicatriz psicológica é semelhante...
Mas fora isso...


Vi por aí uma fotografia da Cher, acho impossível as alegações dela que nunca fez plásticas.
A mulher tem o quê? 63? Ou já vez ou está lá perto, acho eu.


Acho pior o facto de ela o negar pior que o facto dela ter feito as ditas operações, ora veja-se:

Agora, não me digam que a cara da esquerda passou 40 anos sem retoques... repare-se no nariz! Nos lábios! E eu até escolhi uma imagem bonita, porque há bem piores por aí!

Não digo que não façam as operações, porque há pessoas com baixa auto-estima e com dinheiro pra gastar. Não deixa de ser verdade que a imagem vende.

Mas a Cher? Quer dizer, eu não gosto do estilo de música, mas admito que a mulher canta bem!

Tem uma boa voz e sucesso é coisa que não lhe falta... acho que ninguém se ia importar com uma ruga ou duas!

Se querem implantes, lifts, ou o raio que o parta, pelo menos admitam!

Maldizer Centenário

Alguém me sabe dizer que rua é essa?
Nas Memórias de hoje da União, relembra-se que há cem anos reclamou-se das obras na rua D. Maria Amélia.

Excelente prova de que os jornais cá da terra tem uma larga e mais que centenária tradição de não relatar nem noticiar, mas sim de maldizer.

Se a evolução que temos é esta, não me admira que Portugal, espelhado nos Açores, esteja na cauda da Europa.

Falência

Eu compreendo que o futebol seja o circo dos tempos modernos.

O envolvimento do estado nalguns clubes, como é o caso do Santa Clara, ou do Marítimo da Madeira percebe-se.
Dá exposição mundial à região, o que por sua vez reflete-se num aumento de receitas, p. ex. em turismo.

Agora, por que raio é que o estado há-de intervir num clube borra-botas como o Lusitânia?

Se estivessem a pedir ajuda ao Sporting, considerando que é a delegação Nº 14 do clube mais antigo de Portugal (não me venham com tangas, porque embora o Grupo Sport Lisboa já existisse em 1904, a fusão com o Desportivo de Benfica foi só em 1912, pelo que o SLB como é hoje veio depois do SCP ser fundado em 1906... nem sequer me falem das alegações do FCP ser criado em 1893... lá porque o futuro presidente jogou numa equipa qualquer (acho que se chamava "O Destino") contra uns palhaços de Lisboa, não é isso que funda um clube), e a 5ª mais antiga ainda existente, faria todo o sentido... seria como um filho pedir ajuda aos pais.

Mas não, o Lusitânia resolve pedir ajuda ao Estado Regional (salvo seja)...

Se está mal, está mal, chegou a essa situação sozinho, que se desemerde!

O primeiro cabeçalho do DI de hoje diz "Direcção ou falência".

Eu voto falência!

Pra que raio é que eu, contribuinte, vou estar a pagar para endireitar um clube que não vale merda nenhuma, nunca valeu merda nenhuma e nunca na minha vida vai chegar a valer merda nenhuma?

Monstro dos Repolhos

Esta fala por si...Esta notícia não é nova, já anda por aí desde 2006, mas visto que eu já não estou em idade de ver a Rua Sésamo, compreende-se que eu não tenha dado por isso antes.

O Monstro das Bolachas tem sido cada vez mais representado a comer outras coisas senão bolachas, principalmente fruta.

Isto entristece-me.

Desde pequeno que conheço esta personagem, aliás, como todos nós conhecemos, que é das mais famosas e amáveis da dita rua. Acho que perder o único traço que o define é perturbante, como se a criatura se enfraquecesse com esta decisão.

A companhia responsável pela Rua Sésamo, a produtora PBS, defende que a obesidade infantil é um problema real e que os "role-models" como as personagens da rua devem tomar atitudes que ajudem as crianças a evitar determinados comportamentos.

Compreendo o porquê de tomarem esta decisão, mas não concordo.

Acho que nenhum monstro deve ser visto como um ícone, um herói a seguir, mas sim uma personagem divertida no seu todo...

Não vejo por aí miúdos a viver em latas de lixo, como o Ferrão, a andar de cuecas, capa vermelha e capacete como o Super Gualter, a fazer colecção de clips como o Egas, a contar morcegos e usar monócolo como o Conde de Contarr e claro, a comer bolachas e só bolachas como o monstro.

O problema neste caso não está na série por fazerem o monstro assim, mas nos pais por não se sentarem cinco minutos a explicar aos filhos que aquilo é fantasia, que é impossível viver só de bolachas.
Acho que a PBS devia ter visto isso também antes de decidirem mudar o bicho...