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Divagações, Diatribes e outros Semelhantes

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Crise

Roubado da Wikipedia
O português gosta de falar.
Não gosta de ouvir, não gosta de trabalhar e não gosta de tomar decisões... mas gosta de falar.
E mais que isso, adora queixar-se.

A culpa é do governo, dos advogados, dos políticos, da burocracia, dos ricos, dos pobres, dos políticos, da classe média, dos médicos, dos políticos, dos tribunais, do Carlos Cruz, da função pública, dos políticos, da polícia, dos hospitais, dos políticos e, para o caso de me ter esquecido, dos políticos.

Mas minha gente... a culpa do país estar da maneira que está? É do povo.

É vossa, nossa, minha e tua. Tal como o país é de todos nós, a culpa é de todos nós.

Ora veja-se a bela decisão do povo português:

27 de Setembro de 2009.

Já tinha rebentado o caso da Independente, o famoso curso comprado ao Domingo, bem como toda a tentativa de encobrimento do mesmo.
Já tinha rebentado o escândalo dos Magalhães.
Já tinha rebentado o caso Freeport, em que o tio do primeiro ministro disse à imprensa que tinha "oferecido" o contrato dos ingleses ao sobrinho.
Já tinha começado a caça à TVI.
Já havia barulho sobre os voos de Guantanamo...
Vale a pena continuar?
Já havia mais que provas suficientes que a pessoa à frente do Governo era um aldrabão, talvez incompetente, que punha os seus interesses à frente dos do país.

E o país o que é que faz?
Elege a criatura para novo mandato!

A culpa não é do Sócrates.
A culpa é dos dois milhões de pessoas que votaram nele e, mais ainda, dos quatro milhões que não levantaram o cú do sofá, efectivamente dizendo "enganem-me à vontade e façam o que vos apetecer, que eu cá estou-me cagando"

E onde é que estão esses quatro milhões agora?

Nos cafés, nas ruas, no sofá... a queixar-se dos políticos e do governo e dos médicos e dos políticos e... da troika também, e da Alemanha e da Grécia e da Irlanda e sei lá mais o quê.

Antigamente dizia-se que a televisão era futebol e fado. Agora acabou-se o fado e é só futebol.
Antigamente queria-se putas e vinho de cheiro. Agora as putas são importadas do Brasil e o vinho de cheiro já não pode ser por causa dos taninos.

O povo português quer é pão e circo.

Ou brasileiras e futebol.

domingo, 16 de outubro de 2011

O Acordo Tortográfico

Não sei se a citação está correcta ou não, mas foi assim que chegou a mim:

Como os filólogos da República da Guiné-Bissau não puderam estar presentes na recente reunião para o Novo Acordo Ortográfico, estamos todos à espera da sua ratificação para saber como é que nós, os Portugueses, vamos escrever a nossa própria língua. E esta? De qualquer modo, os grandes peritos de São Tomé e Princípe, de Angola, do Brasil, e dos outros países de «expressão oficial portuguesa» já se pronuciaram. A República da Guiné-Bissau, porém, também terá a sua palavra a dizer. Muito provavelmente, uma palavra escrita à maneira deles; mas não faz mal. Nas palavras de Fernando Cristovão, 1986 é o ano que marca a nascença da lusofonia. A grandiosa lusofonia está, obviamente, acima da mera língua portuguesa.

A lusofonia é uma espécie de estereofonia, só que é melhor. A estereofonia funciona com dois altifalantes, enquanto a a lusofonia funciona com mais de 100 milhões.” Para mais, os falantes da lusofonia têm a vantagem de ser feitos em África e na América do Sul, o que lhes confere uma sonoridade nova e exótica. Para instalar uma aparelhagem lusofónica devidamente apetrechada, são necessários complicados componentes tupis, quimhmoguenses, umbandinos e macuas, Enfim, coisas que não se fabricam na nossa terra. A partir de 1986, todos os povos a quem uma vez chegou a língua portuguesa podem contar com um lusofone em casa. Um lusofone é um aparelho que permite a qualquer indígena falar e escrever perfeitamente esta nova e
excitante língua, que passará a chamar-se o brutoguês.

Para haver lusofonia, nada pode ser como dantes. Os Lusíadas passarão a conhecer-se por Os Lusofoníadas. Se dantes havia língua portuguesa e a sua particular ortográfica, agora passa a haver a língua brotuguesa e a sua ainda mais particular tortografia. A tortografia, conforme se estabeleceu no Acordo Lusofónico de 1986, consiste em escrever tudo torto.

As bases da tortografia assentam numa visão bruta da fonética. Por outras palavras, se a lusofonia é uma cacofonia de expressão oficial brutoguesa, a tortografia consiste fundamentalmente no conceito de cacografia”. Dantes cada país exercia o direito inalienável de escrever a língua portuguesa como queria. As variações ortográficas tinham graça e ajudavam a estabelecer a identidade cultural de cada país. Agora, com o Acordo Tortográfico, a diferença está em serem os Portugueses a escreverem como todos os outros países querem. Como todos os países passam a escrever como todos querem, nenhum país pode escrever como ele, sozinho, quer.

As ortografias tupis e crioulas, macumbenses e fanchôlas passarão a escrever-se direito por linhas tortas. O Prontuário passa a escrever-se «Prontuario», rimando com «desvario» e «Cuf-Rio». O Abecedário passa a escrever-se «Abecedario», em homenagem a dario, grande Imperador da Pérsia, que, por sua vez, se vai escrever «Persia» para rimar com «aprecia», já que qualquer persa aprecia uma homenagem, mesmo que seja só uma simples omenagem. Já dizia acentuadamente Fernando Pessoa que «a minha pátria é a língua portuguesa». Agora passa a dizer «a minha patria é a lingua portuguesa», em que «patria» deixa de ser anomalia e «lingua» assim, nua e crua.

Será possível imaginar os ilustres filólogos de Cabo Verde a discutir minúcias de etimologia grega com os seus congéneres de Moçambique? Imagine-se o seguinte texto, em que as palavras sublinhadas serão obrigatoriamente (para não falar nas grafias facultativas) escritas pelos portugueses, caso o acordo seja aprovado:”A adoção exata deste acordo agora batizado é um ato otimo de coonestação afrolusobrasileira, com a ajuda entristorica dos diretores linguisticos sãotomenses e espiritossantenses. Alguns atores e contraalmirantes malumorados, que não sabem distinguir uma reta de uma semirrecta, dizem que as bases adotadas são antiistoricas, contraarmonicas e ultraumanas, ou, pelo menos, extraumanas. No entanto, qualquer superomem aceita sem magoa que o nosso espirito hiperumano, parelenico e interelenico é de grande retidão e traduz uma arquiirmandade antiimperialista. Se a eliminação dos acentos parece arquiiperbolica e ultraoceanica, ameaçando a prosodia da poesia portuguesa e dificultando a aprendizagem da lingua, valha-nos santo Antonio, mas sem mais maiúscula. A escrever »O mano, que é contraalmirante, não se sabe mais nada, mas não é sobreumano«? O que é que deu nos gramáticos de além-mar (ou escrever-se-á alemar)? A tortografia será uma doença tropical assim tão contagiosa?”

Os portugueses no fundo assinaram um Pacto ortográfico que sabe a pato. Ninguém imagina os espanhóis, os Franceses, ou os Ingleses a lançarem-se em acordos tortográficos, a torto e a direito, como os Portugueses. Cada país – Seja Timor, seja o Brasil, seja Portugal – tem o direito e o dever de deixar desenvolver um idioma próprio, Portugal já tem uma língua e uma ortografia próprias. Há já bastante tempo. O Brasil, por sua vez, tem conseguido criar um idioma de base portuguesa que é riquíssimo e que se acrescenta ao nosso. Os países africanos que foram colónias nossas avançam pelo mesmo caminho. Tentar «uniformizar» a ortografia, em culturas tão diversas, por decretos aleatórios que ousam passar por cima de misteriosos mecanismos da língua, traduz um insuportável colonialismo às avessas, um imperialismo envergonhado e bajulador que não dignifica nenhuma das várias pátrias envolvidas. É uma subtracção totalitária.

A ortografia brasileira tem a sua razão de ser, e a sua identidade. Quando lemos um livro brasileiro, desde um «Pato Donald» ao Guimarães Rosa, essas variações são perfeitamente compreensíveis. Até achamos graça. Como os Brasileiros acham graça à nossa. Tentar «uniformizar» artificialmente a ortografia, para além das bases mínimas da Convenção de 1945, é da mesma ordem da estupidez que pretender que todos os que falam português falem com a pronúncia de Celorico ou de Salvador da Bahia. é ridículo, é anticultural, é humilhante para todos nós. Se não tivessem já gozado, era caso para mandá-los gozar com o Camões.

>Imaginem-se os biliões de cruzeiros, escudos, meticais, patacas e outras moedas que vai custar a revisão ortográfica de todos os livros já existentes. Imagine-se o distanciamento escusado que se vai causar junto das gerações futuras, quando tentarem ler escorreitamente os livros do nosso tempo. Sobretudo, imagine-se a desautorização e a relativização que o acordo implica. Amanhã, uma criança há-de escrever esperanssa e quando for chamada a atenção, dirá «tanto faz, que estão sempre a mudar, e qualquer dia desaparecem as cês cedilhados». Ou responderá, muito simplesmente: «Pai, mas é assim que se escreve em Cabo Verde!»

“A língua portuguesa nasceu do latim – toda a gente sabe. Um dia, a língua brasileira, e a língua são-tomense, e a língua angolana serão também línguas novas e fresquinhas que nasceram da língua portuguesa. Ninguém há-de respeitar menos a língua por causa disso. (Nós também não desrespeitamos o latim.) As línguas são indissociáveis das culturas e das histórias nacionais, e elas são diferentes em todos os países que hoje falam português à maneira deles. A maneira é a maneira deles, e a nossa é a nossa. A única diferença é que Portugal já há muito que achou a sua própria maneira, tanto mais que a pôde ensinar a outros povos, e é um ultraje e um desrespeito pretender que passemos a escrever como os Moçambicanos ou como os brasileiros. Eles são países novinhos. Nós somos velhinhos, e não faz sentido ensinar os velhinhos a dizer gugudadá, só para que possam «falar a mesma língua» que as criancinhas.

Sem império, Portugal tem ainda a dignidade de ter sido Império. Mas há um feitio mesquinho que se encontra em muitos portuguesinhos de meia-tijela, que consiste em ter medinho que as ex-colónias se esqueçam de nós. Estes acordos absurdos são sempre «ideia» dos Portugueses armados em donos da língua. A verdadeira dignidade não é essa – é soltar a língua portuguesa pelo mundo fora, já que a sua flexibilidade é uma das suas maiores riquezas. Aquilo que já aconteceu – haver um português brasileiro, um português angolano, um português indiano – é prova gloriosa disso. Mas quando os Portugueses desejam meter-se na vida linguística dos outros, é natural que os outros também se metam na nossa. Os próprios participantes deste último Acordo parecem ter perdido completamente a cabeça, aceitando normas ortográficas disparatadas para a língua portuguesa de Portugal. Sem ingerências da nossa parte, seriam inaceitáveis as ingerências dos outros. O Acordo agora proposto – que o Governo deveria ler muito cuidadosamente, antes de consigná-lo, entre saudáveis gargalhadas, ao caixote do lixo da história – é uma mistura diabólica e patética de extremo relaxamento ortográfico («tudo vale, seja na Guiné, seja em Loulé) e de inadmissível sobranceria cultural («tudo vale, mas nós é que temos o aval»). Faz lembrar aqueles miúdos que dizem «Eu faço o que vocês disserem, desde que eu possa ser o chefe»).

Dizem que é «mais conveniente». Mais conveniente ainda era falarmos todos inglês, que dá muito mais jeito. Ou esperanto. Dizem que a informática não tem acentos. É mentira. Basta um esforçozinho de nada, como já provaram os Franceses e já vão provando alguns programadores portugueses. Dizem que é mais racional. Mas não é racional andar a brincar com coisas sérias. A nossa língua e a nossa ortografia são das poucas coisas sérias que Portugal ainda tem. É irracional querer misturar política da língua com a língua da política.
O que vale é que, neste momento, muitos portugueses – escritores, jornalistas e outros utentes da nossa língua – estão a organizar-se para combater a inestética monstruosidade. Que graça tinha se se fizesse um Acordo Ortográfico e nenhum português, brasileiro ou cabo-verdiano o obedecesse. Isso sim, seria um acordo inteligente. Concordar em discordar é a verdadeira prova de civilização”.

Miguel Esteves Cardoso, “O Acordo Tortográfico”, in “Explicações de Português” (Assírio & Alvim, 2ª edição, 2001)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Papier-Mâché

Água vai!Aparentemente vai-se discutir no Outono Vivo o futuro do livro.

Acho piada que a classe social que está a destruir o Livro seja a mesma que se vai juntar para discutir qual vai ser o futuro do mesmo.

O livro vai seguir o caminho do vinil. Vai ser só para aficionados, aqueles que juram que o som é diferente, que o cheiro faz um efeito qualquer e que a terra é plana e o sol gira à volta da lua e outras coisas assim.

O que é que interessa? O dinheiro.

Pura e simplesmente, o dinheiro.

Para o editor, para a empresa que lança o livro, é mais barato lançar em formato electrónico. É mais rápido, mais cómodo, mais limpo até.
Para quê gastar fortunas em transporte quando se pode mandar o livro por email?
Para quê abater árvores aos milhares para produzir livros aos milhões quando um iPod leva mais informação que uma biblioteca inteira?
Para quê armazéns, espaços comerciais, bibliotecas até, quando tudo está na ponta dos nossos dedos?
Para quê gastar fortunas em impressoras, tipografias, tintas, químicos que só fazem mal ao meio-ambiente e entulham os caixotes do lixo?
Aparentemente a produção de um e-reader gasta 3 vezes menos materia prima e 78 vezes menos água, só pra rematar.

Para o escritor é igual ao litro, ele recebe o seu na mesma e o resto que se lixe.
Os autores não deixam de escrever só porque as coisas não se imprimem e já pra mais de 15 anos que todos usam computadores pra preparar o seu trabalho.

E a electronificação do livro só é boa pros autores. Um livro publicado em formato electrónico tem um custo muito mais baixo, o que se traduz num custo de venda menor, o que posteriormente se traduz em mais venda... se eu for dar 15 euros por um livro ou 15 euros por dois, é claro que compro os dois. E também pode significar um lucro maior pro autor, considerando que o bolo total não tem que ser dividido em tantas fatias acaba a dar fatias maiores.

A Palavra Escrita, essa está bem viva. A venda dos Kindles anda a subir em flecha, o Google tem uma secção inteira dedicada a livros electrónicos em constante crescimento, os grandes jornais já todos têm edição electrónica e ,quem diria, blogs é o que não falta.

As pessoas continuam a escrever, continuam a ler, continuam a comunicar.

Eles não querem saber do futuro do Livro... eles querem saber é do monte de filhos da puta que fazem fortunas à custa da criatividade dos outros!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De volta à televisão

PlonkEu não sigo a política nacional. Não sigo os sensacionalismos, os tablóides, as casas dos segredos nem os big brothers, não sigo a política internacional, nem as guerras do mundo nem todas essas trapalhadas que enchem as páginas dos jornais. A maioria das vezes nem vejo telejornal.

Num dia a dia de contar cêntimos pra pagar as contas e por comida na mesa torna-se difícil sequer fingir que me preocupo com o que acontece aos outros quando os conheço, quanto mais o que acontece do outro lado do mundo a um plantador de arroz qualquer no Vietname.

Como tal, não estou nada a par do processo Casa Pia. Não sei quem são, quantos foram, o que é que se passou, o que é que se provou que não se passou e tudo mais que talvez fizesse sentido a este post. Quando penso em Casa Pia só me lembro de Bibi, Carlos Cruz, Herman José e uma entrevista a um rapazinho que dizia "se algum adulto vos puser a mão no pénis, não tenham medo de falar que não vão ser castigados."

De acordo com a Pública deste fim de semana, Carlos Cruz vai voltar à televisão.
E tenho que admitir que não me estranha nada.

O tempo apaga tudo, cura todas as feridas e limpa todas as memórias. O mesmo instinto que nos faz não falar mal dos mortos faz-nos esquecer as injustiças de ontem, as atrocidades do passado e concentrar nas parvoíces do presente.

Enquanto que há 9 anos atrás a praça pública estava certa da sua culpa e queriam esquartejá-lo e arrastá-lo pela rua, hoje se calhar já não é bem assim e talvez não tenha sido e porque há a hipótese de que afins e coisa e tal.

Demorou quase uma década, mas para Carlos Cruz a vida está a voltar à raiz, à sua televisão, à sua profissão.

É bizarro.

Não consigo perceber como é que as pessoas se esquecem daquilo que ontem tinham tanta certeza. Como é que as sentenças de morte de outrem são palmadinhas nas costas de agora. Como é que os demónios-em-pele-humana se tornam numa cara que nos invade a casa pelo ecrã.

E daqui a dez anos, talvez até menos, já ninguém se lembra do processo, já ninguém se lembra da pedofilia e Carlos Cruz passa a ser só mais um dos figurinos sentado a uma mesa em frente às câmaras.

E tudo volta a ser como era antes.

sábado, 8 de outubro de 2011

Eu

Gosto como Álvaro Monjardino se apresenta hoje, "o autor destas linhas."

É daquelas coisas que depois de se ver desperta um "mas como é que não me lembrei disto antes?"

Vê-se por aí muita apresentação diferente, sendo a maioria auto-depreciativa como é caso "o vosso humilde servo" ou "este simples escriba" ou outras lérias do género, como que a convidar uma resposta de "deixa lá que até és importante" e até ficam chateados quando não recebem dita resposta.

Quando se refere outros é quase sempre um elogio exagerado, quase sardónico, "o poeta," "o bardo," " o grande," "o ilustríssimo," "o venerável," "Sr. Dr. Eng. Arq. Zé Povinho," e outras demais lambidelas ao rego, um medo de possíveis e imaginárias represálias por meia dúzia de palavras, a maioria das vezes até absurdas.

Mas assim não é com Álvaro Monjardino (pelo menos hoje). "O autor destas linhas" não é pretensioso, humilde, exagerado, não é uma chamada de atenção nem uma fuga à ribalta.

É apenas o que é e nada mais.

O que me parece perfeitamente adequado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ponta do Facho

De acordo com a União de hoje, foi encontrado morto um jovem de 13 anos...
De acordo com o meu pai, o dito jovem é meu primo.
Acho que primo em 3º grau ou praí, mas mesmo assim primo.

Faz-me pensar nas unidades familiares hoje em dia.

A minha mãe tem alguns 40 primos e conhece-os a todos, pelo menos de nome. Sabe as suas genealogias, nem que seja por aproximação, que este é filho daquele e sobrinho daquela.
Não querendo chamar ninguém de velho, antigamente era assim... as pessoas viviam umas com as outras, precisavam umas das outras e contavam umas com as outras.

Este meu primo, eu não o conhecia. Mas é que nem sabia da existência dele.
Conheço a mãe dele (aliás, sei pouco mais do que quem ela é de nome) mas já não a vejo desde antes do rapaz nascer... Pouco mais sei do que "a filha do irmão do meu avô."
Do rapaz não lhe sei o nome, não faço a mínima ideia quem era como pessoa, quais os seus interesses, desejos futuros, expectativas da vida, fantasias, sonhos e tudo mais.

Por um lado entende-se, sendo já um grau afastado, mas por outro... não é só nos afastados que falho neste ponto.

Andando a "folhear" páginas do facebook percebo que praticamente não conheço a minha família!
Vejo que esta está a namorar com aquele, aquela comprou um bar, o outro arranjou uma namorada, a outra foi tirar um curso novo, aquele queria ir pra tropa mas não conseguiu e por aí em diante, gente de quem eu era muito chegado à dez ou quinze anos atrás e de quem agora não sei nada.

Chegando ao cúmulo de que a minha irmã ontem disse-me que foi aceite pra universidade, quando eu nem tinha bem a noção de que ela já tinha acabado o 12º.
O contacto íntimo entre nós, viver o dia-a-dia lado a lado como era quando vivíamos sob o mesmo tecto, já acabou à tanto tempo que na minha ideia ela só agora é que chegou ao liceu, só agora é que começa a recta final de estudo, ainda com sonhos de ser juíza.

Mas já não é assim. Já é uma mulher feita, como diz a minha avó, já tem um namorado de sete (oito?) anos, já trabalha e já organiza a sua vida como uma adulta.
Embora ainda viva com a mãe, já não é criança. Já é adulta.

É meio bizarro da minha parte... olho para trás e tento-me lembrar quando é que começou o distanciamento e não consigo perceber nem quando nem como foi.

É a única constante da vida, de que o tempo passa.
A vida segue inexoravelmente e tudo flui rio abaixo sem esperar por testemunhas.
O tempo não se preocupa com quem está a ver, nem com o que possamos estar a perder das vidas daqueles que gostamos.

Mas são situações como esta, do meu primo de 13 anos, que me fazem perceber (nalguns casos tarde de mais) que tudo está pelo fio da navalha e que temos que aproveitar o tempo que temos ao máximo, saber o máximo, partilhar o máximo e viver, em conjunto, o máximo que pudermos.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Séries de Segunda - Terra Nova

®FoxVi esta outro dia por acidente, daqueles coisas que aparecem à frente sem estar a contar muito com isso.
Foi mesmo só por parvoíce, apareceu-me o Title Card e não sei se foi os pássaros esquisitos ou a paisagem idílica, mas apeteceu ver.

Foi, no mínimo, uma alegre surpresa.

Liderada por Steven Spielberg e pelo "Star Trekiano" Brannon Braga, esta série é um Jurassic Park do futuro, com um toque de Lost in Space misturado com a família Robinson, a trama de Lost e até um toquezinho de Avatar e se for bem explorada promete ser a próxima grande saga de ficção científica, ao lado de Star Streks, Stargates e outros stars que andam por aí.

A história começa 150 anos no futuro e passa-se 85 milhões de anos no passado. Os humanos tentam estabelecer uma colónia numa paisagem crivada com dinossauros e mais um sem-fim de incontáveis perigos, desde doenças bizarras até uma facção traidora que prometer ter enredo para quantos episódios lhes apetecer fazer.

O orçamento de efeitos especiais aparentemente é bem grande, o que felizmente se traduz em criaturas e ambientes realistas em vez de explosões e bicharada artificial.

Os actores são na sua maioria caras de televisão, uma mistura entre britânicos e americanos, do tipo que nos fazem andar de cinco em cinco minutos a dizer "olha aquele que apareceu no tal episódio daquela série!" mas deve-se destacar o excelente Stephen Lang, que passou de um líder militar no Avatar, para... um líder militar no Terra Nova.

Ainda é muito cedo para dizer se é ou não uma série vencedora mas, se os criadores não fizerem muita asneira, parece ter pernas para andar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Filmes de Sábado à Noite - Sucker Punch

®Warner BrothersEste é daqueles que tenho pena de não ter sido mais visto/apreciado.
De acordo com a Wikipédia o filme rendeu na bilheteira pouco mais do que custou (em comparação, o Transformers Dark of the Moon rendeu 9 vezes mais).

Gostei do princípio ao fim, com os seus variados nós e perguntas não respondidas, com as dúvidas que ficam no ar sobre o que é real e o que não é...

Mas acima de tudo gostei pelo estilo.
É uma mistura de manga, videojogos, fantasia, acção, musical, numa massa final surpreendentemente homogénea.

Até os contrastes totais funcionam surpreendentemente bem.
Quando a equipa entra na caverna do dragão com uma manobra tipicamente militar, uma limpeza de metralhadora do género do SWAT, até nos esquecemos que nem 5 minutos estavam a usar espadas de samurai para matar orcs ao quilo.

É uma confusão total, mas que ao mesmo tempo se acompanha facilmente.

E chega ao ponto em que a própria verdade já é duvidada, mas não faz diferença porque cada um dos cenários são plausíveis.

Será que é a Babydoll a ver a vida passar-lhe à frente dos olhos antes da lobotomia?
Será que a casa explodiu depois do tiro na lâmpada?
Se o manicómio é que é real, como é que o motorista aparece nas fantasias se ela nunca o viu?
E se... não é ela a personagem principal?
Quanto mais remexemos mais andares descobrimos e mais divertido se torna rever e procurar novos pormenores para provar que este ou aquele enredo é que é o verdadeiro.

Mas no geral é um filme giro. Considerando que é o mesmo realizador do 300 e do Watchmen, já se espera um filme cheio de explosões, mortes e porrada ao quilo e este não decepciona.

Nem que seja só pra ver e esquecer, com pipocas à mistura, merece uma vista de olhos.

Link Rápido

Só porque achei curioso, cá fica um artigo sobre sexualidade e acasalamento.

domingo, 2 de outubro de 2011

O desespero é meo


A incompetência dos serviços espanta-me cada vez mais. Acho que as empresas se esquecem que os seus funcionários são a cara pública da empresa, a primeira linha de contacto que o cliente tem e muita vez o ponto definitório de essa pessoa se tornar ou não cliente.
Esquecem-se também que após o ter como cliente é preciso mantê-lo, cuidá-lo e no geral tratá-lo bem para evitar que ele salte pra concorrência.

Em certos serviços isso não é viável, como o caso da EDA que é aquela e mais nenhuma, mas de qualquer modo, pelo menos para essas empresas chamadas públicas, esquecem-se que somos nós, os contribuintes, que lhes pagamos os salários chorudos a que estão habituados.

Mas no fundo no fundo isto não passa de uma(s) grande(s) empresa(s) que se estão completamente a cagar para o zé povinho, por muito que ele contribua.
Passo a deixar um exemplo pessoal:

Lá fui eu, na minha dança mensal, pagar as contas do mês.
Como tem sido cada vez mais normal neste tempo de crise, tinha uma factura da PT atrasada, para além da do mês corrente.

Derivado de, tinham-me feito o que eles chamam de suspensão parcial, cortaram-me a televisão mas continuei com internet.

Por causa de, cheguei eu à TMN pra pagar a minha factura, munido de cartão multibanco, que hoje em dia o que manda é o plástico.
Tirei a minha senha, que hoje em dia não passamos de peças numa linha de montagem, e esperei a minha vez. Ia olhando para as montras de telemóveis, para os panfletos a anunciar serviços que ou já tenho ou não preciso, ou até a olhar para as saídas do ar condicionado... tudo para evitar olhar para aquela gaja que trabalha naquela agência e parece querer fingir que não me conhece, ou para o lavrador que cheira tão mal que nem o AC o salva, ou para a velha que me manda uns olhares que mais parece que me quer saltar em cima, ou para o repatriado que olha para os telemóveis como se estivesse a decidir qual deles vai roubar, ou para as bezerras atrás dos balcões que têm cara de que se lhes déssemos um tiro na cabeça era um favor que lhes fazíamos.
Sim, que isto de contacto interpessoal é coisa do século passado e deus me livre se hoje em dia alguém conversar com a pessoa que está ao seu lado na bicha pro abate.

Certo ponto apanhei uma conversa pelo ar, não sei se acompanhada do mau cheiro ou de intenções criminosas, da qual só percebi "multibanco".
Antes de chegar à minha vez lembrei-me de perguntar à abécula se aceitavam cartões ao que ela me responde... "Pra quê?"

Só me apetecia responder qualquer coisa parva, tipo "pra cortar linhas de coca" ou "pra alugar filmes pornográficos" mas lá me contive e, considerando que estava a falar com a criatura do balcão dos pagamentos, disse... "pra pagamentos."

"Ah não, multibancos só pra compras."

Olha que porra, então se só há uma opção porque é que não abre logo com "só pra compras" em vez do idiótico "pra quê"?

Mas enfim, lá saí eu da fila, perdi a minha vez e dirigi-me ao multibanco mais próximo. Levantei dinheiro, voltei à loja e por aí adiante até finalmente chegar a minha vez na linha de montagem.

"Queria saber se para me reactivarem o serviço preciso de pagar as duas ou se pode ser só a mais antiga."
"Ah pois, nós aqui fazemos o pagamento mas é só da factura que o senhor tiver na mão."
Desculpa?!?!? Mas afinal vocês são um balcão da PT ou são o pay-shop na vendinha da esquina?
E eu com o olhar vidrado no computador dela, que mais óbvio só se tivesse setas a sair dos olhos pergunto, "e não há maneira de saber?"

Daí que ela agarra o telefone e... liga para o serviço a clientes!

Mas que merda vem a ser esta?!? Vim até aqui pra fazeres o mesmo que podia ter feito em casa? Mas afinal estás a receber pra quê?
A este ponto só me passa pla cabeça que tipo de favores sexuais é que esta jumenta andou a fazer pra conseguir este trabalho, porque pela inteligência não foi de certeza!

Passando à frente, depois de dois telefonemas e muita conversa com a burra-gémea da caixa ao lado, lá a pequena me diz que sim senhor, posso pagar só a mais antiga, custa X e remata com o incrédulo... "E como é que vai pagar?"

PUTA QUE PARIU!!!! Então se vocês só aceitam dinheiro como carga de diabos é que achas que eu vou pagar? Duas vacas e um cabrito? Meia hora de trabalho escravo durante uma semana? Talvez uma pequena pilha de sal?

Eu a contar mentalmente quantos anos ia parar à cadeia por transformar o ecrã dela num colar cervical acabei a responder, "Com dinheiro, faz favor."

Saí de lá biurso (ou seja, duas vezes urso) mas pelo menos estava a situação resolvida, agora era só esperar 48 horas no máximo pra me re-ligarem aquela merda e não precisava de ver aquele furúnculo pelo menos até ao mês que vem.

Saltando dois dias... ainda nada de têvê, ligo eu pro serviço de apoio a clientes, o mesmo que a cebola tinha ligado na loja.

Ah e tal, contas em atraso, pagamentos na loja, bla bla bla e atirem-se da rocha abaixo que eu quero a porra da televisão ligada.

"Ah não, pedimos muita desculpa pela informação dada, mas a partir do momento que vai pra corte tem que regularizar a situação por completo senão não há nada pra ninguém."

A minha cabeça parecia a terceira guerra mundial, ataques nucleares ao alto das covas, campos de concentração repletos de funcionários da PT, cães de ataque a vaguear as ruas e baratas radioactivas ao quilo a perseguir os poucos que restam...
E queimadas públicas de cartazes do meo e de efígies dos gajos dos Gato Fedorento.

Mas o pior, passando à parte séria, o pior mesmo é que a culpa não é da funcionária.
Se calhar a rapariga nos seus tempos livres está a descobrir a cura pro cancro, ou a distribuir próteses pelas vítimas das minas terrestres, mas naquele posto e naquele momento a empresa não lhe dá informação absolutamente nenhuma.
Ela não é mais que uma pay-shop, uma "recebedora" de dinheiros, sem acesso nenhum a registos, políticas internas, procedimentos ou tudo o mais necessário para desempenhar a sua função.

Que no fundo no fundo ela não é uma funcionária da PT. Ela é sim uma empregada da TMN que por acaso dá pagamento a umas contas de outras firmas...

Da mesma maneira que o pessoal da manutenção não são da PT mas sim da Viatel e outros parecidos, os vendedores são contratados por empresas de marketing e o suporte técnico está todo a um oceano de distância.

Com uma infraestrutura destas o serviço nunca pode ser bom, a atenção devida nunca pode ser dada e a funcionária, por mais inteligente que seja, vai passar sempre por imbecil.

sábado, 1 de outubro de 2011

A televisão que se afunda

RêTêPê A Cores
E voltamos à vaca morna.

Como já tinha dito vai pra mais de dois anos, esta história da RTP Açores é uma ilusão.

Volta à boca do povo "a televisão que nos une"... e parece que o dito excesso de confiança está mesmo a levar a RêTêPê Acores ao declínio.
É um bocado como o Lusitânia, no ponto que está a morrer mas meia dúzia de macacos continuam a fazer tudo por tudo para não os deixar afundar no abismo. Ou pelo menos a fazer barulho suficiente para não cair no esquecimento.

Este canal é conhecido por todos os lados como "o canal que ninguém vê" e não parece ter aspirações a mais que isso.

Eu quando vejo RTP África, sabe-me a áfrica. Nunca lá estive nem faço intenções disso, não conheço mais que o comum português, mas é um canal que me dá um cheiro africano. O mesmo com a RTP Madeira.
Até a RTP Internacional tem um ar de "emigrantes, vejam como vai o vosso país".

A RTP Açores? Cheira-me a RTP Continente. Sabe-me a enviados especiais, tipo Carlos Fino no Kosovo ou em Bagdad, ou seja lá por onde o homem já andou. Não me sabe a uma televisão verdadeiramente açoriana, mas sim a um continentalismo qualquer, com uns remates micaelenses pelo meio.

Querem transformá-la numa TV puramente arquipélaga? Acabem com a competição, tanto a interilhas, como a com o continente, como a com outros canais.

Estou praqui a olhar para a programação de Domingo, puramente a título de exemplo.
Abrimos com desenhos animados e começa logo mal. Numa programação que tem Sic K, canal Panda, Disney Channel, Jim Jam e Cartoon Network, os putos vêem a macacada que quiserem sem precisarem da RTP-A pra nada.
às 11:30 temos 70x7... quando tivemos o mesmo programa no mesmo dia 3 horas antes na RTP-2.
Ao meio dia, jornal da tarde... em directo da RTP-1.
Às 13:15, Nós... repetição do que deu às 9 na 2.
às 14:50 músicas de áfrica... e nem é preciso dizer de que canal é que isto vem.
Asseguir um filme, que acompanhando o exemplo dos desenhos, temos Hollywood, Fox Movies, MGM, Tele-cines e sei lá mais o quê. E porra... Charlie e a Fábrica de Chocolate? Um filme de Tim Burton com um Johnny Depp pseudo-pedófilo que anda a torturar psicologicamente criancinhas na sua fábrica com trabalho-escravo de um monte de clones cor de laranja de um metro de altura? Isto é que é um filme para uma tarde de Domingo?
Às 16:35 Top+... repetição do que deu sábado na 2.
E por aí a fora...

Num dia com 14 horas de programação só 3 horas é que são programação açoriana e uma delas é repetição (como o festival dos moinhos do corvo).
O Telejornal - Açores, o Açores Vip , o Máquinas e o Nóticias - Açores... Só isto é que é diário açoriano neste magnífico e completamente indispensável canal.

Convençam-me que o canal não deveria mudar o nome para RTP-Repetições.

Dêem-me missa de uma igreja açoriana! Rodem a igreja semana a semana e antes da missa uns cinco ou dez minutinhos de exposição turística à igreja corrente, transformem isto numa coisa apelativa, que venda!
Dêem-me Fala quem sabe, Maria do Nordeste, Jerónima de Jesus, seja o que for, em vez de repetições dos Gato Fedorento.
Que volte o Mau tempo no canal, em vez das novelas brasileiras!
Dêem-me 20 ou 30 minutos de notícias para cada ilha todos os dias! O que é que se passa no Corvo? Como é que estão as coisas na Graciosa? Se eu quiser saber notícias internacionais vou ver a BBC, o Sky News ou até a Fox!

Acabem com a reciclagem, acabem com a competição de horários e dêem-me uma televisão não só açoriana, mas que também mostre os Açores ao mundo!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tabaquices

Fumar é um vício cada vez mais caro.

A alternativa que eu encontrei é a mostrada aqui ao lado, uma máquina de enrolar que, em termos de comparação, me dá um custo de 1,25 € por maço, mais coisa menos coisa.
Eu fumava Ventil Box, que agora custa 2,80 €, só para terem uma ideia.

Antes de enveredar por esta via tentei o básico cigarro enrolado só que surpreendentemente acabava a sair mais caro... Mortalhas, filtros e tudo mais, ficava à volta de 2 euros o maço.
E isto pra nem falar do efeito visual meio embaraçoso de parecer que estou a fumar charros a céu aberto... mesmo com maquinaria própria, um cigarro de mortalha vai sempre parecer um charro.

Chegou-me a acontecer ser elogiado pela qualidade dos meus enrolanços... que até hoje ainda não sei se é um elogio, um insulto, ou uma acusação de abuso de droga.

Note-se que eu sei que fumar faz mal.
Sei que devia parar, que estraga a saúde e a carteira, que cada cigarro é um prego no caixão e etc e etc mas a pura verdade é que, nem que seja só lá no fundo, não quero deixar.

Gosto da "pausa na vida" que fumar um cigarro proporciona, do efeito calmante daquele cigarro numa situação mais tensa, do contemplativo cigarro a meio da noite, do digestivo a seguir à refeição, do despertador primeiro cigarro da manhã ou até do paladar apurado que o cigarro dá ao café... Pra não falar do cigarro celebratório de uma vitória num qualquer jogo, do cigarro "concentrante" num qualquer problema difícil a resolver ou ainda do cigarro relaxante depois do sexo.

Sou da ideia de que todos temos vícios muito próprios.
Eu não me consigo ver a beber 3 cervejas por dia todos os dias, nem vinho a todas as refeições, não me vejo a fumar charros todos os fins de semana.
Do mesmo modo que não me vejo a beber Coca-Cola 2 ou 3 vezes por dia...
Ou a tomar banho de mar todos os dias às 7 da manhã, faça chuva faça sol.
Ou duche de água fria independentemente da hora do dia.

Ou até mais, coisas que as pessoas nem se apercebem que são vícios... depilação, ler o jornal, jantar às seis em ponto, ir à missa todos os domingos e tudo mais que no fundo sejam rotinas.

Porque os vícios não passam disso, a nossa necessidade humana de rotina, a nossa âncora psicológica a uma actividade imutável, constante.

Num mundo em que cada minuto que passa nos aproxima mais do minuto final, saber que há coisas ou sensações que permanecerão sempre iguais é essencial para a nossa sanidade mental.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

WTF ?!?

Não vou fazer muito comentário...

Jesus, que estes americanos exageram!

Click na imagem para versão ampliada.

domingo, 17 de julho de 2011

Beleza Interior

Nunca percebi esta conversa de beleza interior... que o que interessa é a beleza interior, que o superficial não importa, que as pessoas mais bonitas normalmente são feias por dentro.

Mentira! Nós por dentro somos todos iguais! Alguns com mais gordura, outros com pulmões mais pretos, estômagos mais largos, mas isso são tudo insignificâncias. Por dentro somos todos iguais, carne e osso, sangue e tripas.

Não me venham dizer que beleza interior é que é importante.

Os americanos têm uma expressão, "beauty is skin deep", que independentemente da intenção inicial, ilustra perfeitamente o que eu estou a tentar dizer.

A beleza exterior, aquela à flor da pele, é a única que interessa.
As modelos, actrizes e outros sex-symbols não são feias. Não têm espinhas, não precisam perder peso, não tem estrias, nem celulite, nem varizes.
As caras e corpos que vendem carros, produtos de beleza, filmes, comida, cerveja e até armas não são a forma média da humanidade.
São sim, sem falha, boas cmó milho.

Nunca se ouviu ninguém dizer "Ó miúda, belo duodeno!" por muito curta que seja a mini-saia.
Nunca ninguém pensa "aquela rapariga parece ter um sistema digestivo altamente funcional, deixa-me cá meter conversa".

A verdade é que nós, humanos e pessoas em geral, somos vaidosos.
Somos fúteis, superficiais, frívolos.

À parte das relações de trabalho, obrigações e família, todas as pessoas do sexo oposto que conhecemos (ou do mesmo sexo, dependendo da preferência) são motivadas puramente por uma atracção física... o sex appeal de que tanto se fala.

Isto da beleza interior não passa de uma mentira que as mães contam aos filhos feios... deixa estar que há-de aparecer alguém que goste de ti por aquilo que realmente és.

Note-se que não estou a falar de amor, que isso é outra canção completamente diferente, nem sequer está no mesmo CD.

Mas a maior piada é que isto de gajas boas nem é uma verdade absoluta.

Os ideais de beleza são completamente absurdos. No tempo dos romanos as mulheres usavam mercúrio para manter a pele branca... hoje usam-se solários à base de lâmpadas de mercúrio para bronzear a pele.
Ou seja, enquanto antes era quanto mais vampiro mais bonito, hoje é quanto mais laranja mais bonito.

No tempo dos nossos avós dava-se preferência a ancas largas, as chamadas "ancas parideiras". Hoje é ao contrário.

Antes os cabelos queriam-se compridos, a partir dos anos 20 passam a ser curtos.

E isto vai mudando e mudando num processo quase cíclico em que ninguém sabe muito bem o que é que é suposto ser bonito ou o que é que é suposto ser feio.

Só uma coisa é certa.

Enquanto se gastar mais dinheiro em cosméticos do que em educação, os ideais vão continuar a mudar para nos fazer abrir os cordões à bolsa.

sábado, 16 de julho de 2011

Séries de Segunda - Game of Thrones

®HBOEu sei que hoje não é segunda... mas foi o que calhou.

Se não apetece ler por ser muita palha, fica a ideia geral: vejam.

Para quem não conhece, Game of Thrones é o primeiro livro de "A Song of Ice and Fire", uma excelente saga pelo americano George RR Martin. Leiam, vale mesmo a pena.

É um mundo onde a própria fantasia se esqueceu que existe, onde os bons da fita não são assim tão bons, onde as piores atrocidades se cometem pelas melhores razões possíveis, onde ninguém está seguro, ninguém é feliz embora todos tentem, e só uma coisa é certa... o Inverno está a chegar.

A adaptação ao ecrã é das melhores que já vi e é muito fiel ao livro, ao contrário do que se costuma ver nestas coisas.

Todas as alterações que notei até agora são perfeitamente compreensíveis, excepto dois pontos, que no geral são insignificantes.
Achei curioso o facto de terem envelhecido toda a gente cerca de 2-3 anos embora causa algumas confusões, particularmente na credibilidade do Robb Stark que é muito mais novo no livro e torna a incredulidade mais compreensível e no caso de Robert Arryn, que aos seis anos ainda anda agarrado à mama da mãe... e que na série parece ter nove. Muito mais sinistro.

O elenco é extraordinário.
Desde desconhecidos a mega-estrelas, há de tudo um pouco e várias caras deixam aquela ideia de "onde é que eu já vi este".
Não sei, e isto é meramente opinião pessoal, se Sean Bean foi a melhor escolha possível para Eddard Stark.
Muita gente tem bem presente o papel de Boromir, a personagem que começa com as melhores intenções, faz asneira meio por acidente e morre no fim. E eis que chega Ned Stark, começando com as melhores intenções, faz asneira meio por acidente e morre no fim.
Sabe um bocadinho a Boromir 2.0

Mas sem sombra de dúvida, quem mais brilha é Peter Dinklage. De todos os intervenientes na confusão do trono, esta é a única personagem que era indispensável ser igual ao livro. Dinklage consegue capturar a essência do anão, do filho indesejado, duma maneira que faz parecer que é ele o verdadeiro centro de toda a história, sem activamente roubar a cena.
Não sou só eu que penso, aparentemente já foi nomeado para um Emmy e, ou muito me engano, ou vai ganhar.

Há muito mais para dizer, mas deixo a mensagem que tal como o livro merece ser lido, a série merece ser vista.

terça-feira, 12 de julho de 2011

E cá vai resposta

"o naturismo e o naturalimo não é coiza dos tempos modernos, a pedofilia sim.
os naturalistas existian desde antes da descoberta do brasil, um exemplo claro é os indios.
Isso mostra que apedofiliapode ter cido criada pelo uso das roupas e não pela falta delas. "
-- Anónimo

Não sei como mas o meu blog caiu na atenção de alguns brasileiros.
Isto não é bom nem mau, mas parece-me que este comentário veio de lá, daí a referência.

Não sei bem se isto é uma opinião própria, ou seja, que este indivíduo acredita mesmo nisto, ou se é uma defesa a terceiros, no sentido de conhecer alguém que pratique isto ou aquilo e se ache na obrigação de defender as suas decisões.
Até poderá ser só posta de pescada, que até veio parar ao sítio certo se for o caso.

Mas passando à frente...

Note-se a seguinte imagem.

Roubada da internetIsto parece-me bem mais antigo que o brasil... e note-se a falta de roupas.

Supostamente (que isto das internetes nunca é de confiar completamente) este prato antigo representa "um guerreiro espartano e o seu jovem amante".

Para quem gosta muito de olhar pra estátuas, ruínas, monumentos e outras tretas gregas, deixem-me falar um pouco sobre os ritos de passagem do povo grego, principalmente de Atenas.

Ao atingir a puberdade, um jovem grego a partir dos 12 anos a um máximo de 17 seria parelhado com um adulto, normalmente aristocrata, para dar início ao seu treino.

Seria deste adulto que o jovem aprenderia tudo, desde comportamento à mesa até matemática, de astrologia até levar no rabinho.

Estes comportamentos eram rigorosamente estipulados, bem vistos pela sociedade, considerados parte fundamental da educação de todos os bons homens.

Vamos recapitular...
Levar no rabinho era considerado fundamental para a educação de qualquer homem que se preze.

Esta relação, conhecida como uma relação pederasta, acabava quando o adolescente desenvolvesse um "corpo de homem" principalmente no que respeita a cabelo.

Por outro lado, as mulheres tinham o thiasos, uma espécie de escola só pra mulheres com praticamente os mesmos ensinos.

A mais famosa líder de uma destas escolas era Sappho, que comandava o thiasos da ilha de Lesbo.
Acho que se nota algumas raízes gramaticais vindas desta situação toda, não?


E como tal, de volta ao comentário para responder à pergunta implícita... A pedofilia pode ter sido criada pelo uso de roupas e não pela falta delas.

Não, não pode. A única diferença é que naquela altura não era proibido.

O casamento grego normalmente era entre um homem com mais de 30 e uma mulher de 12. Se fosse hoje era pedófilo.
No judaísmo, a partir dos 3 anos de idade as raparigas já podem ser prometidas. E não, não é erro e não falta um 1 ali... é mesmo três anos.
No Islamismo, a partir do momento que sangra, pode casar.
Na Nigéria e na Etiópia, a partir dos 7 está pronta.
No Sri Lanka casam-se antes dos 9, na Pérsia casavam-se antes da puberdade, bem como nas ilhas Fiji e em Sumatra.

Note-se que eu misturei o actual com a antiguidade... mesmo pra dizer, que as coisas não são assim tão lineares.

À parte, note-se que 40% das prostitutas tailandesas são crianças.

E por último voltando à vaca fria.

Pedofilia é meramente uma questão legal, naturalismo é puramente uma escolha própria.
Aquelas revistas? Aquilo é pornografia infantil e não me venham dizer o contrário.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Resposta aberta

"o naturismo e o naturalimo não é coiza dos tempos modernos, a pedofilia sim.
os naturalistas existian desde antes da descoberta do brasil, um exemplo claro é os indios.
Isso mostra que apedofiliapode ter cido criada pelo uso das roupas e não pela falta delas. "
-- Anónimo

Já ando há meses a pensar se respondo a isto ou não, se deixo andar ou se dou a minha sincera opinião...

Tenho medo de antagonizar os meus leitores, de certo modo ofender algumas susceptibilidades.

Até porque a minha mãe pode ler isto (olá mãe!).

Acho que começou por volta do verão do ano passado... quando numa conversa com um dos meus progenitores, já não me lembro bem qual, foi referido que ambos de facto estão cientes que o meu blog existe.

Isto faz rolar um sem fim de outras questões...
Será que o governo regional lê o meu blog? Será que há certas opiniões que eu não deva expor, por medo de ofender este ou aquele? Será que posso ser preso se começar a falar de pirataria informática? Será que eu devia evitar tocar nisto ou naquilo?
Será que o meu patrão lê o meu blog? Será que vou ser despedido por falar mal do trabalho?

O que me chega ao ponto mais importante...

Mas eu sou estúpido, ou quê?

Mas eu estou a escrever isto para agradar a gregos e troianos, ou estou a escrever para despejar a minha consciência? Mas isto é pra mim, ou é pra dar manteiga?

É que quem lê os meus posts iniciais vê uma agressividade e uma certa clareza (correcta ou não) que se tem perdido ultimamente!

É verdade que logo de início prometi que não ia fazer promessas.
Disse que não há prazos, que não garanto assiduidade, que não sei se é de longo prazo ou uma coisa pra esquecer amanhã.
É verdade também que há já mais de um ano garanti que as coisas iam mudar, mas se mudaram foi só de cheiro.

E não gosto de mim assim.

Se criei uma janela para a minha mente, foi uma má ideia ter-lhe posto cortinas.

domingo, 10 de julho de 2011

Vinte e sete escolas encerradas

Roubada algures da netFoi o título de primeira página d'a União de hoje.

Aparentemente a Secretária da Educação acha que fechar escolas vai melhorar as circunstâncias pedagógicas.
Tenho que admitir que gosto da escrita de Cláudia Cardoso. Lá de vez em quando apanho uma crítica/crónica dela nos diários locais e até se lê bem, sem demasiada pompa nem muita verborreia que só serve pra encher chouriço.

Não faço a mínima ideia qual é a formação da pessoa em questão, portanto se calhar até estou a falar de boca cheia. Mas pelo pouco que já li das suas mãos, não me parece professora, parece-me política de carreira.

Mas pergunto... Dona Cláudia, já alguma vez esteve à frente de uma sala de aulas com trinta putos ranhosos, malcriados, desimportados, preguiçosos e alguns até indecentes?

Já alguma vez teve que tomar a difícil decisão de cagar completamente para um aluno que coitado é burrinho e não chega lá à mesma velocidade que os outros, só para não atrasar os outro vinte e nove? Mesmo estando farta de saber que se calhar se fossem só quinze já havia tempo suficiente para o acompanhamento eficiente daquele rapaz?

Já alguma vez lhe apeteceu pregar um murro num pai, numa mãe, que só sabem reclamar que os putos são burros, não aprendem, não querem nada quando muitas vezes são os próprios a responsabilizar por esses defeitos?

E vendo pelo outro lado...
Já teve que sair de casa uma hora mais cedo que o habitual, porque de repente a sua escola está a mais não sei quantos quilómetros de distância?

Já teve dúvidas que não puderam ser esclarecidas, lacunas que ficaram sem preencher, erros de aprendizagem que continuaram até à idade adulta, só porque o professor pura e simplesmente não tem tempo para chegar a si no meio de tanta criançada?

Compreendo que a decisão não é da própria. Sei que a troika diz que o país não pode sustentar escolas com 10 alunos. Até acredito se me disserem que a secretária não gosta da decisão que está a tomar e que não o faria se não fosse absolutamente necessário.

Mas aqui voltamos ao problema deste país...

O país não se preocupa com o amanhã, só quer tapar os buracos do hoje.
O dar de comer a meia dúzia de filhos da puta sem pensar nas consequências amanhã é que nos pôs na crise que estamos.

Os putos vão sair da escola com canudos, mas não saem com sabedoria.
Têm curso, mas nem escrever conseguem. São doutores e engenheiros, mas precisam de instruções para atar os sapatos.

E pior... estes é que vão ser os líderes de amanhã. Estes é que vão tomar as decisões, passar as leis, editar as regras que decidirão o nosso futuro.
E nós em vez de nos certificarmos que os nossos filhos não cometem os mesmos erros que nos afundaram, andamos é a vender o seu futuro para pagar as asneiras do passado.

Daí que se vê a bosta em que vivemos, ou não fosse esta uma ilha de vacas!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Citações

"Ouvem-se por aí muitas citações, mas é preciso ter em atenção que embora sejam bons conselhos, nem todas são verdade."
-- Albert Einstein

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eleições

Get it?E lá acabámos com um governo PSD.

Não é que faça diferença, que o país está entregue ao FMI... Fosse quem fosse pra cadeira, não vai governar merda nenhuma, só vai cumprir ordens.

Pensando bem, até pode ser que seja melhor assim!

Ao menos as hipóteses de fazer asneira são menores!

Desta vez nem votei.
Sentado ao computador estava e sentado ao computador fiquei.

O líder do meu partido disse na televisão aqui há uns meses (talvez dois) que não faria diferença nenhuma quem ganhasse, porque fosse quem fosse teria que tomar as mesmas medidas, cumprir as mesmas ordens.

Ora, se a pessoa a quem eu dou o meu apoio acha que não vale a pena, o que é que eu, mero mortal, hei-de achar?

sábado, 4 de junho de 2011

Deixem o Panda morrer

Aquilo... é um bifeOs humanos agarram-se a tudo o que seja fofinho.
O urso panda (note-se aquela primeira palavra no nome do bicho) é um animal em vias de extinção.

É verdade que os humanos desflorestaram uma parte considerável do habitat do bicho.
É verdade que eles foram muito caçados pela sua pele.

Mas mais importante que isso, é verdade que o panda quer morrer.

Verdade verdade é que o panda é um urso, não é uma vaca. Há pouco tempo (biologicamente falando claro, dado que foram encontrados túmulos de realeza chinesa com pandas lá dentro com mais de 4000 anos de idade) os pandas decidiram virar vegetarianos. Se repararem na imagem em anexo, vão ver que os pandas até comem bifes. Prova pra quem tem pachorra, aqui.

Note-se que um panda a comer bambu é um bocado como as gajas a comerem gelado ao balde quando são traídas pelos namorados, não é a sua dieta normal... é só comida de desespero.

Mas não, os humanos não querem deixar o panda morrer.
Em 50 anos que temos pandas nos zoos, nasceram ao todo menos de 200 pandas em cativeiro. Mortes? 300.
Em comparação, os elefantes que também estão em vias de extinção? Mais de mil e quinhentos nascidos nos mesmos 50 anos.

Os humanos são meio-milhão por dia.

A natureza já percebeu que o panda não funciona.
Não hiberna, não consegue acumular gordura, precisa de três tipos de bambu diferentes no seu habitat natural (ao contrário das outras raças que basta 1 alimento... o leão come gazela todo o ano e não diz que tá farto), não se mexe depressa, não é o topo da cadeia alimentar.
E até é meio burro.
Nunca vai chegar aos pés de um chimpanzé ou um golfinho. É mais ou menos o mesmo que um cão.
O próprio panda já percebeu que não funciona...
Mas os humanos não se querem aperceber disso.

Quando em cativeiro, os pandas perdem a vontade sexual, que só de si já era pouca.
E o que é que os humanos fazem? Dão-lhes Viagra! E filmes pornográficos! Não, a sério!

E mais, sabiam que os pandas atacam humanos? Em média 10 ataques por ano...

Em suma, o panda tal como a orca e um sem fim de outros animais, não passa de um monte de humanos a verem o que querem ver em vez da realidade.

Nós graças a deus sempre tivemos esta mania e infelizmente não a vamos perder tão depressa.

domingo, 8 de maio de 2011

Decotes

Mamas!Aparentemente é do conhecimento público que cada homem tem a sua área de preferência no que toca ao corpo feminino.

A minha, como facilmente se discerne pela imagem acompanhante, são seios.
Ou como se diz no vernáculo corrente, mamas.

Desde pequeno, sem nenhuma razão específica de porquê nem porque não, sinto-me algo mais atraído pelas curvas peitorais femininas.

Um destes dias estava uma colega minha a queixar-se de que o seu vestido (farda de uso obrigado pela entidade patronal) estava a alargar na zona dos ombros. Resultado de tal alargamento, nota-se uma maior exposição dos seus dotes mamários.
Uma colega que é da mesma altura que ela dizia que não, não se vê nada, é só impressão tua, enquanto que outra, quase um palmo mais alta, dizia que sim, nota-se e bem, mas até não fica feio, porque não há mamilos e o sutiã não é vergonhoso e não sei o quê não sei das quantas.

E lá estava eu, meio com medo de responder...

Gera-se daqui o meu medo. Será que o facto de eu já ter reparado na referida maior visibilidade viria do facto que estava sim notavelmente alargado, ou será que se devia à minha preferência?

É que estas conversas pseudoíntimas trazem sempre água no bico.
Ou digo o que realmente penso, arriscando-me a ficar mal visto ou até lascivo, ou minto e dizer que não, cá mamas cá nada, arriscando-me a expor a dita colega a olhares alheios e menos educados do que o meu?

É que a única verdade absoluta em relação a homens e mulheres é que toda a gente olha e toda a gente sabe disso... mas nem tudo é para se dizer.

Quando uma rapariga sai à noite com um vestido decotado a expor os seus atributos maternais, já está implícito que dito decote vai atrair atenção.
Há um certo orgulho próprio em saber que sim senhor, eu tenho um belo par, mas isso rapidamente degenera em mau gosto quando algum mais bêbado grita, "grandes tetas!"
Aí a resposta é logo porco, sem-vergonha, nojento!
Mas porra, não usaste o vestido porque querias que olhassem?
E chapada pra cá, apalpão pra lá e chegam seguranças e lá vai o coitado arrastado para a rua, provavelmente ainda lhe enfiam um pontapé nas costelas, quando a única coisa que o triste fez foi comentar sobre uma coisa que estava à vista de todos!

Também existe o reverso da medalha, aquele que se põe na varanda por cima da pista de dança só para poder expiar os balões das meninas...

É tudo muito complicado e a verdade crua nunca deve ser dita... por muito perfeitos que sejam os globos em questão.

No caso da colega, tomei a via diplomática.
Por ser mais alto que tu, noto sim. Não fica feio, não é uma abertura exagerada e vê-se muito menos que um bikini, mas se te sentes desconfortável, manda uns pontinhos aí que isso resolve. Considerando que te baixas várias vezes por dia (a referida colega serve à mesa, seus puritanos) se calhar é capaz de ser melhor isso do que levares o dia todo com a paranóia.

Parece que acertei, porque ninguém se ofendeu...

sábado, 7 de maio de 2011

Raging Boll

tada!Apanhei um filme dele na televisão e não resisti a mandar boca.

Já todos vimos, mesmo que não nos tenhamos apercebido, pelo menos um filme do Uwe Boll. Conhecido pelas suas péssimas adaptações de videojogos, a sua (in)fama é tão grande que uma das categorias da gala de prémios da X-Play é "jogo mais merecedor de uma adaptação cinematográfica por Uwe Boll". Os seus filmes ocupam frequentemente nas listas de piores 100 de todos os tempos (se não me falha a memória há cinco filmes dele no Bottom 100 do IMDB.com) e é um nome que mete medo a todas as companhias de jogos da actualidade.

A Blizzard Entertainment respondeu à tentativa de compra dos direitos do World of Warcraft com "We will not sell the movie rights, not to you…especially not to you."
Agora digam-me lá que isto não é uma resposta de ouro... ainda por cima vindo das pessoas que patrocinaram e participaram num episódio de South Park.

Mas acho que algumas/a maioria/todas as pessoas não percebem o que realmente é o cinema segundo Uwe Boll.

Os filmes de Boll são tal e qual os jogos que retratam. Divertidos, exagerados, por vezes violentos, e tão sem sentido quanto o material original.

Quando se pega num jogo como "House of the Dead" que é em tudo e nada mais que matar zombies em sequência, sem sequer conseguir mexer o boneco, só mesmo apontar a arma pro ecrã, do que é que se está à espera?

Quando se pega num jogo como o original "Alone in the Dark" que é em tudo e nada mais que matar zombies em sequência, (já ouviram falar em dejá vu?) o que mais é que se pode esperar?

E quando se pega num jogo como "BloodRayne", que é em tudo e nada mais que matar zombies em sequência, se bem que estes estão a tentar ressuscitar o Hitler, o que raio é que queriam que fosse o filme?

Uwe Boll acerta em tudo o que faz estes jogos grandes, mas que as pessoas tem vergonha de admitir.

Sangue, tripas, mamas e ainda mais sangue, com mortes bastantes para fazer todos os cangalheiros do país esfregarem as mãos de felicidade, um excesso de clichés, e um humor muito, mas muito negro, dão um ar divertidíssimo a todos os mencionados acima.

E não é só no grande ecrã que Boll é um exagerado.

Boll desafiou os cinco maiores críticos dos seus filmes para um combate de boxe. Aquando do lançamento de Postal, um jogo em que a personagem principal basicamente se passa, Boll foi para a TV chamar nomes a Michael Bay, Eli Roth e George Clooney...
Na minha humilde opinião, foi uma campanha super-apropriada.
Roth respondeu que os comentários de Boll foram o ponto mais alto da sua carreira, ao que Boll replicou que Roth é um dos poucos que tem sentido de humor.

Não percebo como é que não se percebe que o homem anda numa enorme campanha de gozo.

Para finalizar deixo mais uma prova de que o homem é só avacalhar.
Boll lançou uma petição online. Se chegasse a um milhão de assinaturas, ele iria reformar-se, desistir do cinema.

Isto já foi em Abril de 2008 e à data ela conta com 363888 assinaturas totais...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Branca

Eu detesto quando isto me acontece...
Andei o dia todo cheio de ideias, coisas para escrever no blog, alguns 7 tópicos bem à vontade, pra compensar a falta de notícias estes últimos dias. Lembro-me que eram sete porque me lembro de pensar que tinha um para cada dia de semana, e agora só voltava a escrever no próximo Sábado.

E cá estou eu, sentado ao computador e... nada.

Não me lembro de absolutamente nada daquilo que ia escrever.
Isto é pra lá de bizarro.

Quer dizer, eu ainda sou muito novo para Alzheimer's, portanto não é por aí.
Também não me parece que seja hipnose, nem amnésia...

Verdade verdade é que não me lembra o que raio é que eu ia dizer.

A ver se amanhã as luzes se re-acendem!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Séries de Segunda - Modern Family

®ABCEsta série é um mimo.
Nos anos 50 tínhamos I Love Lucy, a história de uma mulher que sonhava ser estrela ao lado do marido, que tocava numa banda cubana, e a sua vida do dia com muita comédia estúpida pelo meio.
Nos anos 60 a série era Brady Bunch, mas acho que essa não passou na televisão portuguesa.
Nos anos 70 aparece All in the Family, com o seu icónico Archie Bunker e a já conhecida estrutura familiar de pais conservadores e filhos liberais, centrando-se entre outras coisas no choque de culturas.

Nos 80 a coisa já começava a descair e a solução que eles (Hollywood) acharam foi a de inverter os papéis.
E eis que aparece Family Ties, a série que estreava um semi-desconhecido Michael J Fox, no papel de filho conservador de um casal liberal.
Na minha humilde opinião, se não fosse a química entre os actores a série tinha falhado redondamente, porque a ideia é absurda. Mas os papéis foram muito bem representados e a série lá se safou.

Houve outros pelo meio também de grande fama, desde Dear John, a Taxi, Alf e até Who's the Boss?, mas estes são exemplos de famílias nucleares no centro da série.

Depois chegamos aos anos 90 e... nada.

Percebe-se o problema, já não há famílias nucleares.

E eis que aparece a solução.

Modern Family segue, como o nome indica, uma família moderna.

O pai casou com uma mulher muito mais nova, o filho é gay com respectivo parceiro e criança adoptiva e a filha, que era uma desnaturada, agora é mãe de três.

Nada disto é normal e ao mesmo tempo tudo é familiar.

Todos nós conhecemos uma família assim, todos temos um primo, um tio, um vizinho que encaixa num destes padrões.

É, como o próprio nome indica, uma família moderna.

Nas palavras de uma das personagens, "It makes you laugh but it also makes you think."

Merece ser visto.

domingo, 3 de abril de 2011

Estática

Roubado algures na netEu sempre ouvi dizer que a electricidade estática faz mal aos electrodomésticos, principalmente aos computadores.

É claro que eu, como qualquer macho de sangue puro, sempre achei que eu é que sei e que isso da estática é tanga e que não pode ser tão mau assim.

Ria-me feito um perdido quando via técnicos de informática a usar aquelas pulseiras estúpidas anti-estática, amarrados à mesa que até parecia que iam pro surf, se não fossem regra geral balofos e alérgicos a água.

Até começar a trabalhar no hotel.

As primeiras calças que me deram eram feitas de um material que não era bem poliéster nem eram bem algodão, não eram bem pano nem eram bem plástico, chamemos-lhe de algodéster.

Oras, estas calças de algodéster com o andar acumulavam uma quantidade absurda de estática.

Até perceber qual era o problema andei meses aos choques em tudo.

Era nas cadeiras, era nos botões do elevador, os ecrãs do computador (que fazem aquela ondazinha magnética que parece que alguém atirou uma pedra pra dentro de água), as fotocopiadoras, as portas dos quartos, tudo!

Tudo o que fosse ligeiramente metálico, sempre que eu lhe chegasse um dedo ou um cotovelo perto lá ia uma faiscazinha azul, tipo mini-relâmpago, do dedo até à peça.

Escusado será dizer que até tinha medo de ir à casa de banho, não fosse dar um choque em qualquer coisa que fizesse falta.

Daí que a resposta é sim, a estática é perigosa e estraga computadores.

E se não acreditam é só dizer que eu empresto o algodéster durante uns dias.

sábado, 2 de abril de 2011

Filmes de Sábado à noite - Tangled

®DisneyUltimamente tenho visto muito mais animação do que é normal.
Não é que isso seja uma coisa boa ou má, é só um pormenor.
Provavelmente é um sinal dos tempos, que para desgraças já basta o dia a dia, mas enfim, passando à vaca fria.

À procura deste poster para o último que vi, encontrei umas piadinhas que me fizeram esquecer completamente seja lá o que for que eu ia escrever antes .

Portantes cá vai.

A Disney, às vezes de propósito, outras completamente por acidente, tem vindo a inserir mensagens subliminais nos seus filmes animados. Normalmente são de sexo.
Não, não estou a dizer que são sexuais, ou apelativos a sexo, ou ligeiramente pornográficos.
Sexo, mesmo.

Caso presente, um dos posters publicitários do Entrelaçados é este, que se compara abaixo.



Percebem o que eu quero dizer por subliminal?
É daqueles coisas que depois de ver já não se consegue "desver" por mais que se tente.

É claro que se pode sempre dizer que não é bem assim, que são mentes perversas, como o caso do próximo, este do Rei Leão.



É daquelas coisas... pode ser e pode não ser.

Mais uma, da pequena sereia, a cena do casamento. Esta deu tanto que falar que a imagem à direita mostra a nova versão remasterizada, em que retiraram o suposto joelho para evitar confusões.



Eu cá acho que se não fosse piada, se fosse mesmo só um joelho, eles não se tinham dado ao trabalho de mudar. Mas enfim, isso sou só eu.


Mas há outros que estão mesmo na cara. A polémica mais recente é esta, também da pequena sereia.

Note-se o poster do filme e respectivos close-ups. Se clicarem na imagem têm um close-up maior ainda.



Não me venham dizer que aquilo não é um grandessíssimo caralho. E não me venham dizer que foi um acidente, porque raios partam aquilo até tem veias.

E aqui fica para terminar em grande, note-se a janela por trás de Bernardo e Bianca.
Que sirva de lição, fechem as cortinas! Sabe-se lá quando é que estão a filmar um filme animado do lado de fora da vossa janela...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ai caramba!

Veio da costa
Com o sorrir de quem chegava cedo
Trazia histórias
De baleias, de marés e medo
E aquela gente
Que nunca tinha visto o mar contado
Ouvia tudo
Como segredo que é revelado

E a filha do carpinteiro
Que era como uma sereia
Tão boa como água mansa
Fêmea como a lua cheia
De crescer água na boca
De sonhar a noite inteira
Ponham-me a pensar sozinho
Que ainda a deitava na areia

[Refrão]
Ai caramba!
Aquilo é que havia de ser caramba
Palavra de honra
Só me arrependia do que não fizesse
Ai se eu pudesse catraia
Levava-te a navegar
O teu lenço, a tua saia
Deitava os dois ao mar
E era o que Deus quisesse,
Ai catraia se eu pudesse...
E era o que Deus quisesse,
Ai catraia se eu pudesse...

Raio de moça
Que já me põe a falar sozinho
Ainda hei-de um dia
Aparecer-lhe à curva do caminho
Pode a nascente
Se levantar lá das terras da sorte
Hei-de dizer-lhe
Que é mais bravia que o vento norte

E um dia de manhazinha
O pescador perdeu o medo
Foi bater-lhe à porta e disse
Quero contar-te um segredo
E ela pior que as marés
Deu-lhe a resposta despachada
Vai mas é de volta ao mar
Que tu daqui não levas nada

[Refrão]

Ai se eu pudesse...

Ai caramba
Aquilo é que havia de ser caramba
Palavra de honra
Só me arrependia do que não fizesse

[Refrão]

Ai caramba!
Aquilo é que havia de ser caramba
Palavra de honra
Só me arrependia do que não fizesse
Ai se eu pudesse catraia
Levava-te a navegar
O teu lenço, a tua saia
Deitava os dois ao mar
E era o que Deus quisesse,
E era o que Deus quisesse,
Ai catraia se eu pudesse...

O que vai aqui em cima é a letra do "Ai Caramba" dos Quadrilha, canção estupidamente conhecida e que muitos pensam vem da boca do Vitorino.
Para quem não está a ver quem são os Quadrilha, esta banda deu que falar a meio dos 90's e tem um som que nós associamos ao folclore. Com algumas excepções tipo o "Não Há Dinheiro" e o "Canção de Emborcar", à primeira vista Quadriga é música de velho.

E é claro que não é. O que foi, pensavam que eu vinha falar de folclore?

Para quem ouve na rádio e por aí, esta canção tem um toquezinho agradável e é daquelas que fica na cabeça. Mas prestem bem atenção à letra...

É a história de um pescador que, se pudesse, atirava-se à filha do carpinteiro que, pelo chamar-lhe de catraia, quase de certeza que é menor de idade.

Raptava a rapariga para águas fora do território português, despia-a à força e fazia o que fizesse com autorização divina.

Dá que pensar, não dá? Que andamos todos a cantarolar e aplaudir uma canção sobre violação?

E depois aparece o Emanuel a cantar uma sobre "Encostar devagarinho, com respeito e juizinho" enquanto se dança, mas aí não, esse já não presta e é música pimba que é só porcarias...

domingo, 20 de março de 2011

Bêbeda

Alguém que me explique porque é que as pessoas bebem até ao ponto de ter que entrar de gatas para o hotel.

Eu já apanhei os meus carretes valentes, mas tanto quanto sei nunca fiquei bêbado ao ponto de black out. Fora uma ou duas que foi mais acidente que outra coisa, mas pronto. Esta gente que bebe como se fosse água, e se fosse não bebiam tanta, que no dia a seguir não se lembram de absolutamente nada não deve mesmo ter mais que fazer se não torrar dinheiro em álcool.

Se calhar já passei essa idade, mas não acho piada a estas figuras tristes, acho pena isso sim.

Acho pena estas pequenas e pequenos com tanto pra dar que esborracham completamente e acabam a passar do "tanto pra dar" para o "dar tudo e mais alguma coisa".

Enfim, são coisas da vida...

Quanto muito servem para que todos nós nos sintamos mais descretos!

sábado, 19 de março de 2011

Cais da Silveira

Não sei se é impressão minha, se é embelezamento das minhas memórias de juventude, se é esta onda de depressão constante dos dias de hoje ou se é mesmo verdade, mas o cais da silveira parece-me velho.

Quando eu era puto ia muita vez a pé de casa à Silveira com a minha mãe e a minha irmã tomar banho durante a tarde.
Íamos depois do almoço e ficavamos por lá até o meu pai sair do trabalho por volta das 6 para virmos à boleia com ele pra casa.

Ao fim de semana íamos em família e ficávamos no cais de toalha estendida, sempre entre a casa de banho e a prancha. Lembro-me perfeitamente daquela poeirazinha que se levantava, das beatas de cigarro pelo chão, da sensação claustrofóbica de estar rodeado de desconhecidos, de querer falar e não conseguir, de buscar sempre em vão uma cara conhecida por entre as massas. Sim, eu já de puto era bastante depressivo.

Mas durante a semana, nos dias a pé, ficávamos sempre na zona baixa, ou como lhe chamávamos na altura, nos ferrinhos. Normalmente perto da casa dos barcos, se não fosse mesmo à frente, estendíamos as toalhas e era um tal recozer ao sol.
Na onda da claustrofobia e do desconforto geral, acabava a passar a tarde toda dentro de água.
A meio caminho da travessia andava por lá aos círculos a ensopar em vez de recozer.

Mas na altura, embora eu fosse meio cinzento, o mundo parecia bonito.

Hoje o cais parece-me estragado, velho.
Faltam pedras, a descida ao longo dos ferros já não é direita, está toda escavacada, o piso já não inspira confiança. As barreiras, que antes eram vermelhas e brancas ao estilo dos nadadores-salvadores, agora são em inox, um cinzento baço que entristece.
Para além do mais, estão sempre partidas, com falta de algumas barras e com pontas aguçadas no seu lugar.

Não sei se sou só eu, mas os locais que marcaram a minha infância parecem ter envelhecido muito mais do que eu, em muito menos tempo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mas a sério!

Isto do marketing tem que se lhe diga.

Ponha-se à prova o exemplo à esquerda.

Dizendo que esta é que é a verdadeira maionese, o que é que isso significa para as outras?

Será que quer dizer que cada vez que eu como Calvé, Heinz ou daquelas marcas ranhosas dos pacotinhos do Bowling não estou de facto a comer maionese?

Então estou a comer o quê? Nada?

Será que cada vez que eu abro um daqueles pacotinhos nojentos e espalho nas batatas, não estou nada mais do que a dar largas à minha imaginação?

Será que eu imagino aquela pasta branca?

Mas se não passa de um produto fictício, porque é que eu engordo?

Porque é que a salada de atum se estraga se ficar fora do frigorífico?

Será que estamos todos malucos? E se a maionese não é verdade, o que será mais que não o é?

Será que estamos todos a viver em paranóia, a ver coisas onde elas não estão, a pagar com dinheiro que não existe por compras que também elas não existem, em mercearias que igualmente não são verdade?

É que só a aquela marca específica de maionese é que é verdadeira!

Tudo o resto é somente ilusão!

domingo, 13 de março de 2011

Carnaval

Na tradição religiosa a época de Carnaval que acaba com a Terça-feira Gorda, antes da Quarta-feira de Cinzas, representa uma época de festa e celebração, um último adeus aos bens armazenados antes da época da quaresma.

A quaresma, que começa na dita quarta-feira e acaba na Páscoa, é uma época de jejum, o que explica o gastar o stock, pra não se estragar nos (aproximadamente) quarenta dias seguintes.

Como facto curioso da outrora grande influência portuguesa, a Terça-feira Gorda no Hawaii é conhecida como Malasada Day, o dia das malasadas, prato comido em terras portuguesas por esta altura.

Tal como todos os feriados e épocas católicas, este foi roubado a tradições Pagãs. Um último festim dos produtos invernais, antes das novas colheitas primaveris, já de um teor muito menos gorduroso e farinhento, para afugentar os espíritos do frio e da escuridão e abrir as portas à época do renascimento, do desabrochar, e dos coelhinhos a fazer o que os coelhinhos fazem.

Sim, que para estes pagãos tudo tinha a ver com sexo.

Mas passando ao assunto principal.

Alguém que me explique como é que passamos de comida, de pratos variados feitos com os restos da dispensa, para meia dúzia de totós vestidos como drag queens de Las Vegas a pinchar em cima de um palco.

Não consigo perceber de onde vêm estas tradições.

Esta coisa de danças e bailhinhos, de pandeiros e espadas, de enredos que já não têm piada nenhuma, é só palavrões... isto mais valia acabar. Apanhei um bocadinho na rádio, muito por acidente. Em 4 minutos o "actor" disse a palavra merda 36 vezes. Isso é mais do que uma vez de dez em dez segundos.

Ah e tal, porque a tradição e os costumes e o caraças... Perguntem a qualquer velhote daqueles que se vê sentado numa sociedade o que é que acha dos bailinhos de hoje em dia em relação aos de antigamente e a resposta vai ser sempre a mesma.

Uma merda!

Eu até acredito no valor cultural das tradições. Até consigo perceber a história dos folclores, vestir como antigamente e andar com uns cestos à cabeça...

Mas isto do Carnaval, já está tão diferente, tão deslavado, tão sem graça que já não é nem nunca volta a ser o que já foi. Tanto que já não pode ser considerado tradição, já não pode ser considerado um costume, feito da maneira que sempre se fez.

Não, bailinhos não é tradição.
É parvoíce.

sábado, 12 de março de 2011

Tábuas

Eu devo ser o rei dos projectos inacabados.

Desde pequeno que adoro modelismo. Ferraris, camiões, caças, submarinos, bombardeiros, já quase montei de tudo.

Perceba-se, já quase montei um ferrari, já quase montei um camião, já quase montei um caça, já quase montei um submarino e já quase montei um bombardeiro.

Sim, que eu começo começo, mas nunca acabo.

O meu projecto mais ambicioso é sem sombra de dúvida este.

O Halifax foi um schooner britânico que navegou na sua configuração actual (a do modelo) a partir do ano de 1768 ao serviço da marinha britânica principalmente no transporte de mercadorias para o novo mundo.

Comprei este modelo em segunda mão, se não estou em erro por 19 euros. Novo de fábrica o filho da mãe custa 180 euros, fora portes.
Tive uma sorte mesmo sem dar por isso.

Aparentemente a Mamoli, a marca do modelo, é o maior e melhor fabricante de modelos náuticos europeu. Já está no mercado há mais de 20 anos, as peças são madeira verdadeira, os canhões, âncoras, argolas e etceteras são latão forjado verdadeiro e as amarras são puro cânhamo, portanto se a construção der pro torto sempre dá para fumar a corda.

O estupor do barco é lindo... e complicado comó raio.

E quanto deste barco é que eu já fiz perguntam vocês?

O esqueleto.

Estou entalado na parte de revestir o casco. Aparentemente é preciso ensopar as tábuas para elas ganharem a forma correcta.

E agora pergunto eu... mas afinal como é que eu sei que aquilo está correcto?

Tal como arranjar fogões, este barquito está-me a tirar anos de vida.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Pluma

No meu ser racional eu sei que certas coisas devem ser deixadas aos profissionais. Mas eu, como todos os homens, tenho a mania que sou o rei da bricolage, que não há nada que seja demasiado complicado para mim, já do tempo que me punha a desmontar brinquedos com 5 ou 6 anos de idade.

Oras, munido desta enorme sabedoria fiz o que poderá ser considerada uma das minhas maiores burrices dos últimos tempos.

Aqui há uns tempos derramou-se-me uma fritadeira em cima do fogão. Óleo por todos os lados, tudo engordurado, uma porcaria. Lá se limpou da melhor maneira possível e à primeira vista tudo ficou bem.

Considerando o princípio deste post, está-se mesmo a ver que isto não acaba aqui.

Com o passar do tempo as bocas do fogão foram ficando cada vez mais fracas, principalmente a boca maior, que é a que vê mais uso.

A certa altura arranjou-se alguém que tinha um compressor de ar e lá se "assoprou" aquela tubagem toda para ver se desentupia e ficava a funcionar qualquer coisa melhor.

Aparentemente funcionou.

A grande, principalmente, tinha esterco que mais parecia vir de outra dimensão, que aquilo de certeza que não cabia tudo naquele tubo.

Mas nojeiras àparte, a coisa durante uns meses trabalhou como novo.

A semana passada, mais coisa menos coisa, o botão da dita boca maior deu de si. Já não vira. Nem de alicate. Fizemos tanta força que até se partiu o botão, ficou só o perno.

E o que é que aqui a alimária se lembrou?

Vamos desmontar esta merda toda!

O problema há-de se encontrar, que se eu fiz a primeira vez também chego lá desta!

É claro que da primeira vez eu tinha ajuda de um profissional, com ferramenta própria e materiais próprios, mas homem que é momem não precisa de ajuda!

Depois de muito desenroscar, torcer, bater, desaparafusar e raspar lá se conseguiu estripar o fogão e trocar um dos ignitores secundários de uma boca que se usava menos para a boca principal, a dita maior.

Aperta-se aquilo tudo, algumas zonas mais do que estava antes (não se esqueçam deste pormenor, que é importante), enrosca-se, torce-se, bate-se, aparafusa-se e... raspa-se outra vez, e está pronto a testar.

Moral da história?

Peguei fogo ao fogão.

Por pouco que não peguei fogo à cozinha toda.

Antes? Uma boca a menos, verdade que era a mais importante, mas ainda tinha as outras.

Agora? Sem fogão e um cagaço de tal maneira grande que ainda se me levantam os pelos do pescoço só de pensar nisso.

Vende-se: fogão torrado. Placa de encastrar, marca Bosch, não funciona. As partes que não arderam se calhar servem para peças de substituição.
Se calhar...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Esterco

De acordo com o DI, mandar lixo à rua vai passar a dar multa até 2500 euros.
E acho muito bem.
O dever cívico não se faz cumprir pelo amor à pátria, nem pelo amor à Natureza, nem pelo amor ao planeta Terra nem nenhum desses outros slogans hippies de trazer por causa.

Faz-se cumprir, isso sim, pelo amor ao dinheiro.

É fácil atirar um jornal pro chão depois de o ler.
É fácil atirar a beata ao chão depois de acabar o cigarro.

A única solução para isso é passar a ser menos fácil de o fazer.

Mas agora, envolvendo alguns outros exemplos, pergunto eu...

Na minha rua não passam os carros do lixo da reciclagem.
Eu recebi a cartinha a dizer que a minha rua faz parte da zona seleccionada para recolha porta-a-porta. Supostamente este facto justifica não haver ecopontos na minha zona. Recebi os calendários e as fitas.
Durante um mês pus a minha reciclagem na rua, em sacos marcados e próprios, com etiquetas, com fitas, com as cores certas, nos dias certos... e nada.
Não sei se eles acharam que dava muito trabalho, ou se quiseram ser simpáticos e dar-me material para escrever no blog.

A verdade é que eu ao fim de um mês disse "puta cuspariu" e caguei completamente na reciclagem. Agora... acham justo que eu, dado que o governo não está a cumprir a sua parte, deva ser multado por uma situação que não é da minha culpa?

E quando chegar ao inverno e eu estiver a andar na rua e se me partir o guarda-chuva? Vou pô-lo onde? Nos cinzeiros? É que os baldes que havia antigamente já foram... como é que faço agora?

Isto de ameaçar multas é tudo muito giro mas criar condição para cumprir? É quando?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Desperdícios

A presidente diz que sim, a imprensa diz que não. No entretanto a presidente já é outra, ou talvez não seja por completo, e fica tudo em águas de bacalhau. Depois há fábrica e não há fábrica, há praça e não há praça e os quiosques vão ser renovados mas não vão, mas fiquem descansados que pelo menos bancos novos vão ter!

E se acham que isto está confuso, imaginem a minha cabeça por dentro como não deve estar.

Aparentemente vai-se renovar a praça velha. Redesenhar a calçada, reconstruir o quiosque, bancos novos, árvores novas, reaproveitamento da zona em si.

E faço eu três perguntas. É necessário? E todos os órgãos sociais me dizem que sim, é absolutamente necessário. Qual cura pro cancro qual carapuça, o que agente precisa é de uma Praça Velha nova. E se por acaso os órgãos sociais não o disserem, lá aparece um panfleto na caixa do correio, a descrever muito por alto o que é que se vai fazer à praça e porque é que nós deveremos achar que é uma boa ideia.
E para a segunda. Quanto custa? E não se esqueçam de incluir nesse orçamento o panfleto, que foram alguns milhares de exemplares, num papel bem jeitoso e com um design gráfico que não deve ter sido barato. Ah, e já agora incluam também o modelo 3d, o tal que há snapshots no dito panfleto, que também não custa só meio escudo.
E o custo do projecto, que estas merdas envolvem sempre arquitectos, desenhistas, paisagistas e mais um sem fim de -istas nem que seja em posição de consultadoria.

E agora a pergunta fatal... o que é que essas melhorias vão contribuir para a economia local?

É que isso a mim parece-me só estética. Isto não vai dar dinheiro nenhum.

Mas e a fábrica do leite T3rceira?

Não, pra isso não há dinheiro.

Não vamos fazer uma infraestrutura de transformação do único recurso que temos em abundância. Não vamos comercializar o que temos de melhor para o exterior. Não vamos criar postos de trabalho.

Não. O que nós vamos fazer é literalmente atirar dinheiro à rua.

E acho muito bem!

Com tanta gente no rendimento mínimo, temos que ter estradas adequadas para esses filhos da puta passearem todo o dia!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Votar pra quê?

Também quero!Será que alguém me explica o que faz um presidente?
É que eu olho, ouço, sinto e cheiro (sim, que a merda do governo vai longe) mas não o vejo fazer nada...
O pessoal queixa-se é do Sócrates, os ministros é que propõe leis, os bancos é que controlam o dinheiro e o presidente... o presidente o que é que faz? Nada?

Ontem foram as presidenciais. Como já se esperava, re-ganhou Cavaco. Como também se esperava, a quantidade de abstenções foi maior que a de votos registados.

Com um magnífico total de mais de cinco milhões, a abstenção é a verdadeira vencedora desta eleição. Os dois milhões e duzentos de Cavaco nem chegam à metade.

E agora, proponho eu, deixem a cadeira vazia! Não precisamos de mais um pra fazer nada, que o salário dele reverta para os cofres do estado, que ao menos sempre vai pagando umas obras!


Lamento dizer que votei Alegre.

Novamente cometi o erro de votar por ideologia, de seguir o candidato apoiado pelo meu partido.

Infelizmente ideologia na política portuguesa é uma coisa morta, se é que realmente chegou a existir. Hoje em dia os órgãos escolhem-se por carisma, as pessoas votam nos seus líderes como se estivessem a escolher quem é que vai sair da casa dos segredos. Já não há programas eleitorais, ou se os há não passam de promessas.

Já lá vai o tempo em que votar comuna significava votar pelo povo, pela arraia miúda, em que votar socialista era votar pelo equilíbrio, votar popular era apoiar igreja e assim por diante.

Hoje? Hoje ou se vota no amigo dos TGV's ou no gajo dos portos. Ou se vota no que quer o aeroporto novo, ou no que quer comprar submarinos. Ou se vota nas putas, ou nos filhos delas.

Já não há partidos, já não há ideologias.
Mudam as caras dos fantoches, mas o interior continua a ser a mesma palha.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Maxmen

Acho esta coisa das marcas curiosa.
Aparentemente a versão original da Maxmen chama-se "Maxim", iniciou no Reino Unido e agora é publicada nos Usas.

Esta revista tem um média de leitores que ronda os dois milhões e meio só nos Estados Unidos, o que não é nada de se deitar fora.
Por comparação a Playboy tem uma tiragem de média de 2,6 milhões, sendo que algumas edições especiais atingem os 6 e 7 milhões.

A minha dúvida é, porque é que não se chama Maxim em Portugal?

Porque em Portugal existe um clone da Cosmo chamada Máxima. Com um magnífico total de... 57 mil edições. Note-se a diferença.

Aparentemente a Máxima começou a fazer barulho aquando do lançamento da Maxim em Portugal, porque tinha receio que os leitores as confundissem.

Não me faz sentido.
Se fosse exactamente igual, vá lá vá lá... mas a pronúncia é completamente diferente, o design não tem nada a ver e o conteúdo está em dois pontos completamente opostos.

Há marcas que mudam só porque apetece. Os gelados Olá, na sua versão original chamam-se Wall's, por causa do nome do criador, o Axe chama-se Lynx, O sabão Omo chama-se Surf, a manteiga Becel chama-se Flora, A Hellmann's chama-se Vianeza (este eles bem que tentaram mudar mas já não foi a tempo), o Rexona chama-se Sure e o Vasenol chama-se Vaseline.
Só para dizer alguns, claro.

Deste trapalhada toda, Maxmen incluída, a única que me faz sentido é a Olá. Porque Olá em português até quer dizer qualquer coisa.
Mas o resto...
(É claro que se eu quisesse talvez encontrasse explicação para todas, mas a ideia do marketing é a primeira impressão)

É que a Coca-Cola continua-se a chamar Coca-Cola, O McDonald's continua-se a chamar McDonald's, a Pepsi, o Mars, o Snickers, o Tide, o Head&Shoulders, o Organics, a Colgate, a Gillette, e voltando à matéria inicial, a Playboy continua-se a chamar Playboy.

Não faria mais sentido que, considerando que a marca é internacional, se mantivesse o nome original?

É que isto acaba a chegar a confusões absurdas. Ali acima falo do Omo, que no original chama-se Surf. No Reino Unido, a "receita" do Omo vende-se com o nome Persil. Em Portugal, o Persil usa a receita do Surf. No Brasil a marca chama-se Omo mas usa a receita do Skip. Na França o Skip usa a receita do Persil e o Omo usa a receita do Skip. Na Austrália a receita do Persil chama-se Drive, o Omo usa a receita do Surf e o Surf são produtos naturais...

E eu fico com a cabeça em água. Quando é que o Skip é Skip, o Omo é Omo, o Surf é Surf e o Persil é Persil?

E quando é que a Maxmen é Maxmen e a Maxim é Maxim?